opinião

Lembrança de um anjo discriminado

16 de janeiro de 2021

Miguel Lucena*

Os meninos do Cancão desfaziam muito de Reginaldo, por ser afeminado. Nem sei se era gay, termo que não existia nos anos 70.
Ele morava na parte baixa da rua, nas fileiras de casas que iam do bar de Valdeci até a bodega de Luizinho de Calu.
Certa noite, um dos meninos tentou entrar no circo sem pagar, pelo “buraco”, e ficou com a mão esquerda enganchada na cerca de arame. Até hoje ele carrega a marca do ferimento.
Do escuro, uma voz calma aliviou o desespero do menino de 8 anos. Reginaldo retirou o arame farpado da mão da criança, levou-a em segurança para a casa dos pais e ainda ajudou a aplicar-lhe a injeção que o salvou do tétano.

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2 Comentários

  • Reply Moisés 16 de janeiro de 2021 at 08:38

    Lembrou bem. Reginaldo está vivo e aposentado. Mora em Patos, no Bairro de São Sebastião. Tem esposa, quatro filhos e seis netos.

  • Reply EDGAR 16 de janeiro de 2021 at 15:02

    Posso até estar enganado, mas esse menino que tentou entrar no circo sem pagar, ficando preso no arame farpado, sangrando e sendo salvo pelo meu avô que o levou para a casa dos pais, moradores também do Cancão, era, nada mais, nada menos, o filho caçula do velho Miguel Fotrófo.

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