Dela nada sobrou, nem fotos. Mas os que viveram o seu tempo garantem que Lídia foi a mulher mais bonita do cangaço. Linda e dona de um corpo que fazia os homens babarem de desejo à sua paisagem.
E a maior das ironias: era mulher do mais feio entre os feios cabras de Lampião.
Zé Baiano, marido de Lídia, se fazia respeitar pela feiura e pela malvadeza.
A simples menção do seu nome causava arrepios.
Nem Lampião provocava tanto medo.
Baiano era bandido e agiota, as duas piores qualidades que pode existir num ser humano. Emprestava dinheiro a juros e quem não pagasse, pagava de qualquer jeito.
E tinha por hábito marcar as coxas e as bundas das mulheres que o contrariavam com um ferro em brasa.
Até que apareceu Lídia.
Bonita, charmosa, quando saía do banho em açudes ou riachos por onde passava o bando, com seu vestido molhado e colado no corpo, despertava nos homens os mais variados desejos.
Mas todos a respeitavam, como era norma no bando de Lampião respeitar as mulheres dos colegas cangaceiros.
Mas a carne é fraca e o cangaceiro Bem-te-vi não resistiu a paixão.
E por não resistir, se declarou a Lídia, que, igualmente atraída pelo cangaceiro novo, quase adolescente, consentiu.
E os dois passaram a enfeitar a testa de Zé Baiano em encontros furtivos, nas moitas dos matos.
No bando havia um cangaceiro chamado Besouro, que também desejava Lídia.
Um dia ele a seguiu e flagrou os dois, Lídia e Bem-te-vi, nus, entre as moitas, no maior amor.
Deu o flagra e chantageou:
– Se você também me der, não digo a Zé Baiano.”
Ferida nos seus brios, Lídia disse que não dava e desafiou Besouro a contar o que viu.
Naquela noite, em volta da fogueira, na presença de Lampião e dos cangaceiros Corisco, Luís Pedro, Moreno, Virginio e Labareda, além do próprio traído, cangaceiro Zé Baiano, Besouro provocou Lídia a contar o que estava fazendo na moita com Bem-te-vi.
Encarando o enraivecido companheiro e os demais do bando, Lídia revelou, com jeito atrevido:
– Estive com ele, sim!… Que tem isso?… O que é meu eu dou a quem quero!…
Enlouquecido de ódio e de ciúmes, Zé Baiano pegou Lídia pelos cabelos, arrastou-a até uma árvore, amarrou-a e matou-a a cacetadas.
O delator Besouro foi morto na mesma hora por ordens de Lampião, pois Lídia havia revelado a chantagem do fofoqueiro.
Bem-te-vi escapou correndo pelo mato tão logo começou a confissão de Lídia.
Depois de matar a mulher, Zé Baiano desatou no choro.
E daí em diante ficou mais perverso ainda.
6 Comentários
Quem flagrou Lídia e bem-te-vi foi COQUEIRO! Em minhas pesquisas não encontrei nada sobre esse cangaçeiro de apelido, “besouro, acho q nunca existiu. Sou fascinado no tema cangaço! ?… e viva os santos, cangaçeiros e as volantes…? Viva os contos! Viva a cultura popular nordestina!!! Continue postando sobre o tema, tiao ! Muito bom!
Viuje! Faz até medo…Esse cabra era Zé Baiano ou Zé Bayeux???
Será que essa estória é mesmo verdadeira ? Cangaceiro côrno , levando cangáia ? Eu já soube que tinha cangaceiro que dava o “caneco”, mas era brabo e matava gente.
Reportagem importante. Assunto palpitante. Obrigado por escrever. Fatos históricos, principalmente com citação de nomes, devem ser acompanhados com a citação das fontes. que tal mais um texto citando.
Nunca Exisriu Ninguem com o Apelido de Besouro.
O nome do Delator era Coqueiro como alguns afirmam aqui, eu mesma relatei isso no meu livro As Mulheres no Cangaço e nunca existiu cangaceiro que dava o caneca, isso é invenção de José Lins do Rego.