Josinaldo Malaquias
Advogado e Jornalista
Mestre em Ciência da Informação
Doutor em Sociologia
Pós-Doutor em Direito
Fui batizado na “Pia de Gutenberg”,
como fotógrafo, no saudoso jornal O
Norte, onde, acabei de “ser criado”.
Com 16 anos achava tudo mágico a tal
ponto de não sentir que a minha juventu-
de se foi no Jornalismo. Com pouco tem-
po, declinei a minha vontade de escrever.
Não tive chance. Acreditavam que perde-
riam o profissional da imagem.
Numa visita casual à redação de A União
sou convidado, por Frutuoso Chaves,
para integrar o novo periódico. Impus a
condição de me darem chance para es-
crever, exigência aceita de imediato. O
próprio Frutuoso se encarregou de ser o
meu maior professor de Jornalismo, fato
que nunca deixei de ser grato e dar esse
testemunho de eterno respeito e gratidão.
Na nova redação o fotógrafo Antonio Da-
vid me chama e mostra um jovem magro,
compenetrado, de barba e cabelos com-
pridos, e ressalta: – Aquele é o Sebastião
Lucena, o melhor repórter de A União.
Fiquei na minha por ser acostumado ao
desprezo das “estrelas” que se presumiam
importantes por serem bajulados pelos
políticos e apaniguados do poder. Não foi
difícil a amizade com Tião Lucena que era
um “carregador de piano”, igual a tantos
repórteres que eram semelhantes ao pe-
riquito que canta para o papagaio levar a
fama.
No entanto, talhado pelo sol causticante
da revolucionária Princesa Isabel, Tião
herdou a bravura do Coronel Zé Pereira
e a sensibilidade musical vertida pelas
notas do sax de “Dé de Minininha” e dos
acordes virtuosos do violão de Canhoto da
Paraíba. No meio das dificuldades encon-
trou limões, mas não reclamou e os trans-
formou em limonada. “Inrricou”, ficou
importante e virou escritor.
Há poucos dias, no meu tugúrio e me
presenteia com os livros “No tempo do
Cangaço” e “Perdição”. Os li e reforcei a
convicção de que o cotidiano é a fonte da
vida e do conhecimento.
Transcrito da página “Opinião “, de Abelardinho Jurema
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