Marcos Pires
Vem cá, você acredita mesmo que todos os cidadãos que ganharam prêmios milionários nas loterias (megasena, quina, lotofácil…) ficaram caladinhos depois que receberam a grana, sem comprar sequer um Lamborghini básico? Será que nenhuma esposa desses sortudos saiu por aí comprando bolsas Birkin de 20 mil dólares ou sapatos Loubotin? Porque apesar desses prêmios saírem com frequência, não se tem notícia de nenhum novo milionário esbanjando. E não me venham dizer que a Caixa impõe sigilo por segurança. É da raça humana exibir a grana. É como uma bela mulher …de que adianta ter saído com ela se não podemos boatar para os amigos depois?
A essa desconfiança básica eu somo a inexistência de uma simples CPI para apurar a história. O que agrava mais ainda a situação é que quem estava querendo a tal CPI quando exercia mandato no Congresso era Anthony Garotinho, aquele inocente ex-governador do Rio de Janeiro.
Mesmo com todas essas desconfianças eu jogo todo dia, apesar de as vezes eu pensar que a loteria é um tipo de imposto criado para pessoas como eu, que não são boas de estatística. Por outro lado, as loterias me servem para desmascarar essa corja de cartomantes, adivinhos, sensitivos e outros que tais. Afora mãe Leca não acredito em nenhum deles. E a prova está aí. Por acaso vocês já viram uma manchete de jornal informando que “Vidente ganha na loteria”?
Ora, ora…chegam a dizer que o casamento é uma loteria. E é? Então me diz aí; quantas pessoas você conhece que são casadas? E quantas você conhece que ganharam grandes prêmios na loteria? Entendeu a sutileza?
Um amigo que até pouco tempo tinha essa mania de jogar diariamente nas loterias desabafou semana passada: “-Marcão, já estou muito velho para continuar insistindo em ganhar na loteria e ficar rico. Parti para algo mais real… estou pensando em ser atropelado por um carro de luxo e processar o dono. Queres ser meu advogado?”.
Eu continuo jogando por uma única razão. Com menos de cinco reais sonho todas as noites em ficar muito rico e fazer as coisas que sempre quis fazer, como por exemplo poder acrescentar um ovo em cada quentinha que o Instituto Padre Zé distribui aos carentes todo dia, num dos mais belos trabalhos humanitários que conheço. Se sobrar dinheiro vou contratar uns ciganos para darem umas surras nuns cabras safados cujos nomes já anotei na Bíblia branca de Dona Creusa Pires.
Um sonho por cinco reais até que não é caro, pois não?
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