O deputado federal Luis Miranda (DEM) confirmou à CPI da Covid no Senado, na noite desta sexta (25), que foi Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, o deputado citado por Jair Bolsonaro no encontro no Palácio da Alvorada que estaria envolvido na corrupção da compra da Covaxin. Segundo Luis Miranda, Bolsonaro, neste dia, teria “dado a entender” que “não tem força” para combater o “grupo” deste deputado.
Ministro da Saúde durante o governo Michel Temer, Ricardo Barros é suspeito de favorecer empresas ligadas a Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, a representante da Bharat Biotec no Brasil para o fornecimento da vacina Covaxin.
A confissão aconteceu logo após a fala do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que afirmou que Luis Miranda não tinha coragem de dizer que o nome era de Ricardo Barros.
Miranda respondeu: “Existem momentos na nossa vida que era melhor esquecer o que a gente escutou”. “O senhor não teve coragem de dizer o nome, eu tenho: Ricardo Barros”, disse então Vieira. “Essa CPI já sabe o caminho que ela tem que seguir. Se ela fizer o ‘follow the money’, provará que estamos vivendo uma ilusão”, devolveu o depoente.
Logo depois, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) assumiu a fala na CPI e voltou a estimular Miranda a responder que se tratava de Ricardo Barros, que ele poderia ter coragem de revelar e não precisaria ter medo de Comissão de Ética na Câmara. O depoente então finalmente confirmou: “Foi o deputado Ricardo Barros que o presidente falou”. Confira o momento no vídeo abaixo:
Antes, o deputado Luis Miranda havia dito que no encontro de 20 de março de 2021, quando levou a Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, as suspeitas de corrupção no contrato da Covaxin com o Ministério da Saúde, a reação do presidente foi digna de quem está com as mãos atadas. “Bolsonaro cita pra mim assim: ‘vocês sabem quem é, né? Vocês sabem que ali é foda e tal. Se eu mexo nisso aí, vocês sabem que merda que vai dar. Vocês sabem que é o fulano, né?’”, disse o parlamentar, sem citar o nome de Ricardo Barros.
Em seu depoimento, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda afirmou que uma colega – Regina Celia Silva Oliveira – teria dado o aval para a importação da Covaxin, vacina indiana contra a Covid-19, ao Brasil, sendo que tal prerrogativa é de Miranda.
O jornalista Leandro Demori, do site The Intercept Brasil, revelou pelo Twitter que Regina Celia foi indicada para o cargo por Ricardo Barros. Durante seu questionamento, o senador Rogério Carvalho questionou Luis Miranda se o deputado acusado por Bolsonaro seria Ricardo Barros. Mas o denunciante desconversou e disse não se lembrar do nome do parlamentar mencionado.
2 Comentários
É isso aí no que dá a mistura de um governo delinquente com um grupo político fisiologista.
Ontem foi um dia ” atípico “?
Pior que não!
Tudo que “rolou” na CPI tinha um
quê de ” deja vu”.
O nome da empresa era estranho?
Nunca fora ouvido antes por suspeita
de alguma prática merecedora de
investigação?
É o “fulano” era um personagem
estreante, desconhecido na seara
das práticas pouco recomendáveis?
É o que dizer das defesas “ardorosas”
feitas pelo governistas?
Não foram todas elas de acordo com
o script de sempre?
Nem mesmo o fato do Wassef, o
advogado do Bolsonaro, ter ido
à CPI sem máscara causou surpresa.
Surpresa talvez tenha sido para os
seguranças do Senado, que foram
encontrar o advogado do presidento
escondido no banheiro feminino.
Mas então não teve nada de novo,
ontem, na CPI?
Ah, teve, sim. Teve uma palavra,
uma única e significativa palavra,
repetida 3 vezes pelo presidente
da CPI, senador Omar Aziz:
PEEVARICOU…PREVARICOU….
PREVARICOU.
Que os anjos digam Amém !