POR FLÁVIO LUCIO VIEIRA
Foi só o ex-governador Ricardo Coutinho mencionar, na live em que foi entrevistado, ontem, por Wellington Farias e Eloise Elane, a possibilidade da candidatura de Amanda Rodrigues à prefeitura de João Pessoa, para o bueiro do machismo ser destampado e seu odor fétido ser espalhado no ar, através das ondas de rádio, no caso, da Rádio Arapuã.
Ao comentar sobre a live de ontem (o que, por si só, já é uma demonstração da relevância política de Ricardo Coutinho porque, como dizem os gaúchos, “não se gasta pólvora com chimango”, o radialista Clilson Jr. usou todo seu tempo para atacar Amanda Rodrigues, entre outras coisas, colocando em dúvida sua competência à frente da Secretaria de Finanças, e até mencionando relacionamentos passados da esposa de Ricardo Coutinho.
Será que Clilson Jr. usaria esses argumentos se Amanda Rodrigues fosse homem? Tenho minhas dúvidas.
Ao questionar a competência de Amanda Rodrigues, o radialista esqueceu que, quando ela assumiu a Secretaria de Finanças, em 2016, o Brasil vivia o auge de uma crise econômica que afetava fortemente as finanças públicas.
Ou seja, a administração de Amanda Rodrigues à frente da Secretaria de Finanças foi determinante para que a Paraíba não só atravessasse a crise sem sobressaltos – por exemplo, pagando os servidores em dia – como permitiu que o o governo estadual continuasse a investir e inaugurar obras. Quando Ricardo Coutinho entregou o cargo para João Azevedo, havia mais de R$ 300 milhões em caixa!
Mais uma vez eu pergunto: se Amanda fosse homem, sua competência seria questionada, sobretudo se ele tivesse a seu favor esse invejável portfólio administrativo? Aliás, a administração do atual secretário de Finanças é um desastre e jamais foi criticado. Por que é homem?
Isso para não falar da canalhice de mencionar o ex-marido de Amanda Rodrigues, como se esse detalhe da vida pessoal da ex-secretária pudesse medir sua competência de administradora pública. Mais uma vez, cabe a pergunta: se Amanda Rodrigues fosse homem, mereceria essa lembrança?
Ou o que se valoriza naquele programa da Arapuã é o recato hipócrita dos beatos recém convertidos?
São dois tipos de medo. O medo machista que, como já escreveu Eduardo Galeano, “é o medo dos homens das mulheres sem medo”. E bem resolvidas.
E o medo de Ricardo Coutinho, que eles pensavam morto para a política. Porque o ódio que boa parte da nossa imprensa nutre por Ricardo Coutinho, é proporcional ao medo que sentem do ex-governador. E esse ódio se estende a parentes, aliados e os ex-assessores que não o abandonaram.
E o mais irônico nisso tudo é que quem lançou Amanda Rodrigues candidata a prefeita de João Pessoa foi essa parte da imprensa paraibana. Ela jamais disse que é ou que será candidata.
Além do mais, o PSB é o único partido que conta com três opções de peso para a prefeitura: além de Amanda Rodrigues, que está sendo empurrada para a disputa pelo falatório especulativo da impensa, o deputado federal Gervásio Maia e Ricardo Coutinho, que hoje é uma reserva estratégica de luxo que pode ser usada na eventualidade de sua candidatura se tornar uma necessidade política.
5 Comentários
Tenho o maior respeito pela senhora Amanda Rodrigues. Se realmente for candidata a prefeita, entendo que João Pessoa só tem a ganhar. Pela experiencia administrativa e pela pessoa que é a senhora Amanda. Foi infeliz o radialista e infeliz o programa que “tentou” denegrir a imagem da senhora Amanda. Concordo com o texto acima do senhor Flavio, que não conheço.
Eu acho que independentemente de qualquer coisa, alguém indicado por Ricardo será um fortissimo concorrente. Os outros que se cuidem. Alguém tem dúvida? Eu não.
Quem pensa que RC tá morto na política coloque os chifres de molho. Digo é nada.
Essa perseguição com Ricardo Coutinho foi porque teve a coragem de mexer com o corporativismo e estruturas que sugavam o dinheiro público em detrimento das camadas menos favorecidas
Realmente é muito desrespeito. O machismo ainda é muito presente. Amanda já demonstrou ter competência e merece a nossa solidariedade.
A minha ressalva a essa possível candidatura é justamente para alertar sobre a possibilidade de ser entendida como a repetição da prática de caciques oligarcas que colocam esposa, filhos, genros, etc..