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MALDADE HUMANA

14 de março de 2020

Miguel Lucena

Paulo era bonito, tirado a conquistador e metido a valente.
Baleado por um amigo da minha família, em legítima defesa, passou a ameaçar meus irmãos.

Quando saiu a música Xililique, ele chamou umas moças e foi dançar em frente à minha casa, em Princesa, Paraíba. Eu era bem pequeno, mas me lembro de minha mãe, apavorada, dizendo que a ferida da bala sangrava enquanto Paulo dançava.

O tempo avançou, Paulo passou a namorar a amante de outro homem valente, Osmando, o qual se vingou disparando a carga do revólver contra ele, na porta de um clube, onde se realizava um baile.

Meu irmão Galego, ingênuo, se aproximou e ainda conseguiu botar uma vela acesa na mão do morto, pedindo sossego para sua alma no outro mundo.

Perto dali, vendendo pão com carne e refresco, uma velha não perdeu a oportunidade para espalhar maldades:

– Mata e ainda bota vela na mão.

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1 Comentário

  • Reply Angela 14 de março de 2020 at 11:54

    A velhota devia ser integralista, naquela época. Hoje seria bolsonarista. Vendo maldades por todo lado, mas não enxergando as próprias.

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