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Mamãe

13 de maio de 2018

Não tenho mãe. A minha morreu já faz bastante tempo. Chamava-se Dona Emília, era uma mulher bonita e carinhosa.

Quando ela casou com meu pai, o velho já era viúvo. Um viúvo novo, de vinte e poucos anos. Chegou a Princesa carregando um filho de quatro anos, se engraçou de dona Emília, ela se engraçou dele também e logo casaram.

Desse casamento nasceram 13 filhos, nove se criaram, quatro morreram logo cedo.

Mamãe teve os 13 filhos de parto normal. Somente os dois últimos foram feitos por médicos. Os demais vieram ao mundo pelas mãos das parteiras Mãe Filó e Mãe Preta.

Quando mamãe estava de resguardo, ficava deitada por uma semana, comendo pirão de costela para dar leite.

E foi do leite dela que nos alimentamos, todos os nove sobreviventes. Eu mesmo mamei até os cinco anos.

Ela tinha um carinho enorme pelos filhos. Filho dela não errava.E ai de quem mexesse com um deles.

Em 84 papai morreu aos 68 anos.Mamãe, viúva, veio morar em João Pessoa, numa casinha do Geisel.

Ali nos reuníamos nos finais de semana para comer bode, galinha e feijão verde. Nessas ocasiões, Zé, o mais velho, afinava o cavaquinho e acompanhava Dona Emília cantando canções do seu tempo.

Um dia ela teve um AVC.Ficou prostrada em cima de uma cama e de lá não se levantou mais. Tinha 76 anos quando morreu.

Hoje seus restos mortais repousam no Santa Catarina.E a alma, se existir alma, está com certeza no céu, ao lado do seu amado Miguel, o primeiro e único amor da sua vida.

Hoje eu gostaria de abraçar minha mãe. Dar o abraço que todo filho distribui num dia como o de hoje.

Sinto sua falta, dela tenho saudade. E me arrependo das ausências que lhe dediquei quando em vida, sempre deixando para amanhã a visita que ela queria hoje.

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4 Comentários

  • Reply cicero de lima e sousa 13 de maio de 2018 at 10:09

    Hoje, chorei, lembrando- me dos cabelos brancos de minha mãe MARIA DO CARMO DE LIMA, quando em vida preparava papa de lei de cabra para seu filho Cícero.
    Quando em condições dei-lhe todo apoio.Lembro-se que certa vez, no interior e eu já na capital, ela caiu e fraturou o femo. Eu, tinha dinheiro para comprar um carro novo, tirei da poupança e gastei todo com a saude dela. É por isto que estou vivo e feliz. DEUS É MAIOR.

  • Reply Rui Galdino 13 de maio de 2018 at 10:23

    Parabéns Tião. Linda homenagem à sua eterna mãe.

  • Reply Eugenio zenaide 13 de maio de 2018 at 10:26

    Bonita esta prosa familiar. Já perdi a minha mae também e realmente o que fica é esta saudade que não se desmancha nunca. Mesmo assim feliz dia a todas as mães deste e do outro lado.

  • Reply luciano vieira da silva 14 de maio de 2018 at 00:50

    O que dizer ? É só chorar e pronto com essas narrativas tanto do Tiao como do leitor.

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