Por: Aldo Ribeiro
As manifestações da última quarta-feira, embora o governo tenha se esforçado através de seus interlocutores e do próprio destempero do presidente, em minimizar tais levantes espalhados pelo país, tem grande relevância nos rumos do desgoverno instalado para os próximos meses. Senão, vejamos o que ocorreu com a presidente Dilma, à época do seu impedimento.
O cenário apresentava uma ruptura entre poderes, com o congresso liderado pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, se voltando contra a presidente Dilma. Pautas bombas, derrotas históricas do governo, e uma cobertura maciça da Rede Globo junto com outros grandes veículos de comunicação. Tínhamos as famosas pedaladas fiscais, cumprindo o papel de ator jurídico do golpe. E, por último, talvez o mais importante dos elementos, tínhamos a população nas ruas, teleguiadas ou não, pedindo a saída da ex-presidente Dilma Roussef. Pronto. O cenário estava completo. E agora cá estamos nós. Numa crise política e econômica sem fim.
Dito isso, as manifestações realizadas no último dia 15, seja talvez estopim para a queda do presidente Bolsonaro. As pessoas comuns, estudantes, docentes e movimentos sociais, abraçaram a causa, pois se trata de uma pauta comum à todos. Robozinhos de redes sociais tentam ligar a manifestação ao PT, mas foi um movimento suprapartidário. Digo-lhes porque participei: muita gente comum acompanhou a passeata realizada hoje no centro de João Pessoa. Observando a cobertura e acessando os portais nacionais, fica nítida a adesão em massa em outras grandes cidades, sobretudo as grandes capitais.
Bolsonaro já cometeu o crime de decoro ao menos duas vezes nesses poucos meses de governo. E quebra de decoro é passível de impeachment. A divulgação do vídeo da tal “mijada de ouro”, ou de um outro vídeo de celebração do golpe de 64, dão vazão à essa possibilidade.
Ocorre que não basta somente isso. É necessário também o enfraquecimento no congresso, e sobretudo o levante popular das ruas. E tenham certeza, se as manifestações se avolumarem, e o próximo dia 30 será decisivo, o que resta de base no congresso, correm todos. Aliás, vários “apoiadores e aliados”, já começam a abandonar o barco. Que o diga o guru Olavo de Carvalho.
Some-se à esse bastante provável cenário que se aproxima, a quase que total e absoluta inércia administrativa desse governo. Quase quatorze milhões de desempregados. Perda de direitos fundamentais, como a inanição do Mais Médicos. Desmonte da educação pública. Falta de políticas públicas voltada para a parcela mais pobre da nação. Uma reforma da Previdência que atinge quase 90% da população que ganha até 2 salários mínimos. Um forte processo de desindustrialização do país, comparável somente à década de 80. Uma Construção Civil que já entregou os pontos em 2018, cujo crescimento do setor será menor do que 1%.
Meus caros: estamos à beira da formalização de uma recessão que já existe na nossa vidinha real. Estamos sendo governados por um bando de lunáticos “divisionistas”. Percebam no que se pautam. Se utilizam da filosofia do “eles contra nós”. Governam pra um bando de seguidores doentes de redes sociais, incluindo aí uma maioria de robôs. Aonde isso tudo vai parar? Repito: quase quatorze milhões de desempregados, e nenhuma perspectiva. Nenhuma luz no horizonte. Somente políticas de desmonte baseadas em “viés ideológico”, tão imbecilmente utilizado por Bolsonaro.
E pra fechar com chave de ouro, lembram do tsunami que o presidente falou na semana passada? Já está à caminho do continente. Estamos na iminência da quebra de sigilo bancário do filho do presidente, o zero um. Uma devassa nas movimentações dos últimos dez anos de mais de oitenta pessoas ligadas ao Flavinho, incluindo aí seus amigos milicianos. Vocês tem ideia de onde isso pode chegar? Isso é nitroglicerina pura. Terra arrasada. Fim de feira. Game Over. Perdeu playboy.
Resumo da ópera: esse governo caminha para ingovernabilidade, e não demorará. Ou ele cai, ou ele mesmo pede o boné.
Nunca foi tão fácil ser oposição ao governo. Sigamos.
3 Comentários
Este governo nem precisa de oposição, ele tem uma capacidade enorme de se auto destruír, as investigações vão mostrar a família envolvida com as milícias do Rio de Janeiro inclusive a primeira dama, ao final desse filme de quinta vamos descobrir que o bandido era o mocinho.
Onde estão os empregos?
Onde está o QUEIROZ?
Emprego? Que emprego ?
Isso é coisa de governo petista. A “nova proposta” é ser empresário informal.
Só paga 50 reais de imposto e não vai se aposentar nunca.
Essa é a terra amada…….. MERCADO ACIMA DE TUDO!
Tamos ferrados!