Manoel Lopes Ronco Grosso matou mais de 20, mas o seu principal feito foi ter atirado no espinho que vazou o olho de Lampião. O cangaceiro estava amoitado num pé de facheiro e na refrega com os homens escalados pelo coronel Zé Pereira para enfrentar os bandoleiros, viu seu olho atingido pelo espinho pontudo. O tiro de Manoel Lopes, mesmo não acertando o alvo, marcou para sempre a cara do cangaceiro.
Natural dos Irerês dos Patos, Ronco Grosso ganhou esse apelido por causa do vozeirão.
Ainda meninote, matou dois cangaceiros na Serra do Teixeira, descida para Patos, durante uma tentativa de assalto ao almocreve para quem trabalhava. Eles desciam a serra, o patrão na frente, o menino na retaguarda, ele segurando um rifle papo amarelo e levando na cintura a famosa peixeira do Pajeú de 12 polegadas. Numa daquelas curvas sinuosas da serra, Manoel avistou os dois cangaceiros e o patrão, um dos bandidos segurando as rédeas do burro e o outro apontando o fuzil. Não contou conversa: mirou no o cangaceiro do fuzil e o derrubou com um tiro, a mesma coisa fazendo com o cangaceiro das rédeas.
Na guerra de 30 ele foi promovido a comandante das tropas de Zé Pereira. Fez miséria com a Polícia em Alagoa Nova e mais ainda nas cercanias de Tavares, onde os militares de João Pessoa passaram seis meses cercados, sem água e comendo milho torrado, tendo como música aos seus ouvidos os tiros que eram disparados dia e noite e noite e dia.
Ronco Grosso também comandou a tropa que destruiu o batalhão da vitória mandado a Princesa por Zé Américo para acabar a resistência dos libertadores. Esse batalhão foi formado em Campina Grande e tinha até tanque de guerra construído em Campina mesmo. À sua frente seguia um feiticeiro, que benzia a tropa e previa a futura derrota de Zé Pereira. Foi o primeiro a morrer com um tiro no meio da testa disparado por Manoel Lopes.
Foi Manoel Lopes Ronco Grosso quem deu fim ao cangaceiro Meia Noite no famoso tiroteio do Sítio Tataíra. Matou o negro valente e lhe arrancou as orelhas, que levou para o coronel enroladas num lenço.
O coronel olhou o troféu com cara de nojo e ordenou que Ronco Grosso o enterrasse.
4 Comentários
Caro Tião Lucena.
Gosto muito desse retrato do meu avô, em pose ao lado de Benedita, do seu terceiro e último casamento. Pena que naquele tempo não havia celular, imagine o tanto de selfie que ia ter desse povo de trinta.
A iconografia é escassa, havia poucos fotógrafos naquele tempo. Eu me lembro quando era menino e ele vez em quando nos visitava em Manaíra, cidade a 18 km de Princesa, onde mamãe era professora. Também me lembro dele indo para a serra, ele andava armado, ainda com o seu velho parabellum e a faca pajeuzeira maior do que eu, e muito., e o vozeirão impressionante. Tião, você é o maior desenterrador de defuntos que eu já vi, e gosta de botar nas costas dos outros. Acho que o meu avô não tinha essas mortes todas na cacunda não. Mas quem sou eu para duvidar de ti? Quem sou para duvidar do velho Ronco Grosso,.de saudosa memória?
Se tu, que és tu, num duvidas, quem sou eu então para duvidar?
Tião, como morreu meu conterrâneo Manoel Lopes, o Ronco Grosso, o popular Mané de Inacinha ? Ele matou mais de vinte pessoas e como morreu ? Na verdade, Ronco Grosso nasceu na Baixa Verde.
Morreu de velho