opinião

MARANHÃO REPETIU ARGEMIRO

16 de outubro de 2022

RAMALHO LEITE
Argemiro de Figueiredo  foi deputado estadual, federal e senador. Governou a Paraíba entre 1935 e 1940, atravessando, inclusive, o período do Estado Novo de Getúlio Vargas. Em 1945 foi eleito deputado constituinte e integrou um grupo de  parlamentares que se dedicaram mais de perto  à elaboração do novo texto constitucional que vigorou até os juristas fardados nos doarem uma Emenda como Carta Maior da República.
Sua carreira  registra alguns tropeços eleitorais, como por exemplo, a derrota que sofreu em 1951 na disputa pela prefeitura de Campina Grande, seu berço político, perdendo para Plinio Lemos. No pleito municipal, Argemiro  obteve pouco mais de onze mil votos, insuficientes para suplantar os treze mil do seu opositor. Antes,  Zé Américo o derrotara na batalha pelo governo da Paraíba.Tres anos depois, com votação consagradora, era eleito senador derrotando Assis Chateaubriand e o poderio econômico influenciado pelos Diários Associados, de sua propriedade.
Ao ser cassado pelo AI-5, José Maranhão era correligionário de Argemiro, ambos abrigados na sigla petebista fortalecida sob a liderança de Goulart, após a morte do patrono Getúlio Vargas. Deputado estadual com os direitos políticos suspensos por dez anos, ao retornar, voou mais alto e alcançou uma cadeira na Câmara dos Deputados. Passou a vice-governador de Antonio Mariz. A morte de Mariz em pleno mandato mudou a sua história e a história da Paraíba. Reeleito governador, deixaria o cargo para uma disputa vitoriosa ao Senado, voltando depois ao cargo de governador por decisão judicial, pois perdera o pleito na contagem dos votos.
Em 2010 MaranhÃo tentou renovar seu mandato de Governador. Não logrou êxito. Ricardo Coutinho venceu.  Zé já acumulara muitos mandatos e em 2012 procurou conquistar um que lhe faltava no curriculum,  disputando a prefeitura da Capital. Conseguiu, apenas, 18,87% dos votos válidos. Amargou um insucesso que não lhe fazia falta. Sem mandato, quiseram lhe tirar o comando partidário. Reagiu com as forças que possuía e reafirmou sua liderança no comando da legenda que já fora de Rui Carneiro e de Humberto Lucena.
 Na presidência do PMDB atravessou a crise de abstinência do poder a que não estavam acostumados seus correligionários, e após especulações de uma candidatura ensaiada para deputado, terminou ungido como candidato a senador. Foi eleito quase sem sair de casa. Sua obra falou por ele e resultou em vitória, apesar de ter enfrentado um jovem promissor na política da Paraíba e um político experimentado nas lides eleitorais.
A trajetória de Maranhão e Argemiro  se assemelham. Ambos, após sofrerem uma derrota para governador e  para prefeito, conseguiram conquistar um mandato senatorial de oito anos. Argemiro perdeu para governador em 1950, para prefeito em 1951, foi eleito senador  em 1954; Maranhão perdeu para governador em 2010, para prefeito em 2012 e se elegeu senador em 2014.  A história às vezes se repete.

Você pode gostar também

Sem Comentários

Deixar uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.