opinião

Marias Marias

11 de dezembro de 2022

Marcos Pires

A Arabia Saudita cultiva uma das maiores desigualdades entre gêneros do mundo. Ocupava a 141ª posição entre os 144 países pesquisados e apesar disso em 2017 foi eleita para a Comissão dos Direitos das Mulheres na ONU. Para se ter uma ideia de como as mulheres são tratadas naquele bilionário país, acreditem; todas as mulheres, independentemente da idade e do estado civil, precisam ter um guardião civil. Até o meio de 2018 era o único país do mundo onde as mulheres eram proibidas de dirigir.

Na década passada apesar de mais da metade dos formandos em universidades terem sido mulheres, pouco mais de 10% delas representavam a força de trabalho daquele país. Fiz referencia ao guardião civil porque nenhuma mulher pode abrir empresas, fazer viagens ou sequer submeter-se a procedimentos médicos se um homem (marido, pai, sogro…) não autorizar essas atividades. A obrigação do uso daquelas pesadas roupas que escondem seus corpos é tão absurda que cerca de 70% das mulheres árabes tem profunda deficiência da necessária vitamina D em seus corpos, que só é suprida pela exposição da pele ao sol. Jornais sauditas registraram que em março de 2002 a policia religiosa teria impedido a fuga de estudantes de uma escola em chamas em Meca, porque as meninas não estavam usando o vestuário islâmico. 15 garotas morreram e outras 50 ficaram feridas.

Restrições idênticas são aplicadas às mulheres no Irã. O passaporte só é concedido se o marido autorizar. Pela lei islâmica, a Sharia, o testemunho de uma mulher nos tribunais vale metade do testemunho dos homens. Preciso registrar o “sigheh”. Olha só. Lá a prostituição é proibida, porém um homem pode casar com uma mulher por um tempo pré-determinado, até 2 minutos por exemplo. Em caso de divórcio as mulheres tem sempre que justificar as razões pelas quais o pedem e se os maridos se opõem elas não serão ouvidas nos tribunais. Se eles é que pedem o divorcio não há necessidade de justificativa.

No Brasil? Ora, aqui não há nada disso. Temos leis.

Que de nada adiantam para os animais que movidos por um sentimento absurdo de posse assassinam as mulheres que decidiram optar por seus destinos.

Quantas gerações de homens terão que nascer para suplicar perdão às mulheres que ao longo da história sofrem essa absurda discriminação?

Ouçam Milton Nascimento em 3 momentos; “Maria Maria”, “Raça” e “Paula e Bebeto”.

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1 Comentário

  • Reply Paulo Fernando Menezes Almeida 11 de dezembro de 2022 at 06:13

    A discriminação e preconceito contra a mulher, é um absurdo aqui e alhures, infelizmente, ainda apanham, as mais pobres trabalham muito mais que os homens, sofrem ainda do abominável feminicidio, isso depois de espancadas, humilhadas etc… E pergunto! O que uma mãe não seria capaz de fazer por um filho? O machismo é uma doença que precisa ser curada, assim como o preconceito, a intolerância, o ódio, a misoginia etc… excelente texto Marcos! Parabéns…

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