A idade está me transformando num velho ranzinza. A mulher aqui em casa já notou isso. Antigamente eu era mais tolerante, agora não consigo engolir certas coisas que outrora eu comia com farinha.
O mau caráter, por exemplo.
Existe coisa pior do que o sujeito mau caráter?
Nem o sem caráter consegue ser pior do que ele. Este último já tem a tarja desenhada na testa e não engana, diz a que veio e está se lixando para o julgamento da opinião pública.
O mau caráter não, pois dissimula seu verdadeiro ego e só mete a faca quando o desafeto, que ele finge ser amigo do peito, está de costas, desprevenido.
Conheci muitos nessa longa jornada. De todos me afastei. Sem retorno, devo avisar. Se em tempos pretéritos consegui perdoar e dar uma segunda chance, agora não dá mais pra fazer isso. Quero distância, deles corto caminho.
Outra figura desprezível é a do fingido. Esse é cara de pau mesmo. Costuma apontar o outro com dedo sujo, e mesmo todos sabendo dos seus podres, ousa ostentar uma auréola de santidade que nem os santos de verdade conseguem.
Tem o rabo sujo, mas costuma botar defeito no rabo dos outros. E se alguém cometer o atrevimento de apontar seu rabo defeituoso, faz cara de ofendido, de indignado, ameaça levar o desafeto aos tribunais e de logo se proclama um seguidor de São Francisco de Assis. Tem deles que até a batina do santo enverga, com cordão na cintura e tudo mais.
1 Comentário
Tião, amigo, o nome desse tipo de santo é “são tomais naquele canto”.