opinião

Melhor ficar com Bronze na Vara do que levar Ouro na argola  

6 de agosto de 2021

 

1BERTO DE ALMEIDA

– Essa pandemia tem deixado gente mais louca do que louca muito antes fora. Agora a coisa pegou na Assembleia lá deles.  Uma loucura!  E pelo jeito, nessa briga que parece não ter mais jeito, o sururu deputativo vai acabar na Dona Justiça, essa que por ser cega será capaz de dizer que não viu nada demais. Aconteceu: o deputado Adriano Galdino foi chamado pelo Cabo Gilberto de “ditador, covarde, mentiroso e autoritário”. Desses quatro leves adjetivos, sem querer meter a minha colher de pedreiro na massa dos excelentíssimos, o “mentiroso” soou como uma faca de dois legumes, como diria o Vicente Matheus.

 

–  Ora, meus senhores!  Mostrem-me um político que não mente que eu lhes mostrarei este homem que promete apenas a cabecinha e entra de corpo inteiro. Assim como canta o dengoso Caetano Veloso em relação a mulher, querer que um político não seja mentiroso, é “como querer que a mulher vá viver sem mentir “ Agora, se tudo vai acabar em pizza, confesso não saber por também não saber se eles gostam de pizza.  Uma coisa, porém, vocês sabem ou deveriam saber é que se o salário deles é pago pela gente, numa briga boa assim, a gente precisa saber   quem ficou com a prata e quem saiu com os dentes amarelados.  Eu daria bronze para os dois. Fim de papo.

 

E – Vocês podem até dizer que estou por fora ou inventando. Mas a verdade é que um colega de trabalho me disse que fica sem dormir para assistir – vejam só! –, com muito orgulho e muito amor (valha-me Deus!), ao brasileiro Darlan Romani arremessar peso nas Olimpíadas. Que programão! Acordar de madrugada para assistir a isso?! Sinceramente. Fosse durante o dia e por aqui mesmo eu diria ser   esse o pior dos programas de índio que se pode ter. isso, claro, com todo o respeito aos nossos indígenas e os seus programas dos quais eu gosto muito.  

 

R – Acho mesmo que o nosso – meu e de outros velhos e saudosos colegas –  ex-colega de turma Joao Azevedo, agora Governador por merecimento, de quando em vez faz uma visitinha as bem-traçadas do Tião.  Acho não, creio. Assim crendo eu gostaria que ele ouvisse ou lesse o que este MB tem a dizer – continuo “ouvidor”? – sobre os seus comandados e os atos desses. Afinal, se um prefeito não sabe tudo ou quase nada sabe sobre os seus comandados, um governador menos ainda deve saber. Mas, particularmente, sempre acreditei nesse ex-colega de Escola Técnica. Nele votei e, se  candidato for, votarei nele de novo. O que eu tenho a dizer sobre alguns comandados seus? Há exceções, claro, mas têm alguns que o passado condena sem quaisquer oportunidades de recursos.

 

 

– Escrevi outro dia e agora mais que nunca a certeza me acolhe: Bolsonaro é o tipo do pugilista político. Usa a esquerda e direita sem a menor cerimônia. Tudo em sua defesa e dos filhinhos queridos.  No final, como muitos esperam, uma vez que estamos no último round, que ele seja derrotado antes da contagem do TSE. Vocês sabem.  Quando o adversário leva um golpe e fica caído na lona por mais de dez segundos, é nocaute. E mesmo que o lutador consiga ficar de pé antes do fim da contagem dos dez segundos, o povo (o povo é o juiz) pode optar por terminar a luta, se perceber que o lutador não tem condições de continuar governando

 

– Ainda estou sorrindo com a bomba atirada na câmara municipal da cidade de Sapé. Não conheço a cidade de Sapé e a referência que tenho dela é o abacaxi. Isso, porém, não significa dizer que essa cidade seja um abacaxi. Acho que está mais para uma maçã do pecado: todos querem dela um pedacinho. E o meu sorriso não tem nada a ver com isso, isto é, com essas frutas que gosto tão pouco. As reações dos excelentíssimos vereadores. Foram essas que quase me mataram de tanto sorrir para ressuscitar gargalhando. Um atentado terrorista, obra dos herdeiros de bin Laden, a orientação do louco Trump em represália a derrubada das torres gêmeas, mesmo tardiamente.  E teve excelência que chegou até mesmo a pensar que era o “fim do mundo”. Sem dúvidas uma excelente conclusão para uma excelência parlamentar mirim. Estou sorrindo até agora. Uma bomba em outra bomba. Um peito de veia na veia do bom-humor.

 

Em tempo se ainda tempo eu tiver: assistindo a partida do vôlei feminino não tenho a menor dúvida: essa jogadora Fernanda é mesmo do Garay!  A moça joga uma barbaridade. E como bem disse o parceiro Gil de Rosa, numa Olimpíada é “Melhor ficar com Bronze na Vara do que levar Ouro na argola”.

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2 Comentários

  • Reply Aldo Lopes de Araújo 7 de agosto de 2021 at 20:20

    Tião,
    Diga a 1berto que se eu, por ocasião das Olimpíadas , estivesse no Japão, como estive por quase dois meses em 2016, não levaria ouro na argola, tampouco ficaria com bronze na vara. Simplesmente porque não ia trocar as multitudinárias noites de Shinjuku, as tarde de Shibuya ou Gotanda, o centro de Tóquio, por esses insossos e monótonos jogos que chegam à ilha de Cipango com um ano de atraso, por conta do coroca. Já falei isso para você, e não me canso. Adoro arrotar essa viagem. A melhor das poucas que fiz até hoje. Acabava de descer do metrô em Hon-Atsugi, depois de um terremoto (não senti porque estava no trem) quando vi no celular várias alertas de tremores no mapa sob meus pés. Gelei. Ao chegar em casa, a 500 metros da estação, abri o blog do Tião, quando me deparei com uma postagem sua perguntando onde bixiga eu estava, que fim teria levado. Dei depressa a notícia, antes que algum terremoto de grande magnitude me matasse ou tivesse de correr até o monte Fugi, para escapar do tsunami.
    Diga a 1berto que gostei de receber notícias dele. Meu amigo. Nunca mais estive na cidade da Parahyba, da última vez carreguei muitos caixões, fiquei com torcicolo. Quando o Governo Federal, mediante sua leniência com as vacinas, matou Wellinton Pereira, como se não tivesse bastado o seu irmão, 5 dias antes, fiquei derrubado, mas quando chegou a notícia da morte de Lourdinha, mulher de Wellinton, morri junto com eles. Passei dois meses sem sair de casa, sonhava com eles todas as noites, entrei em depressão. Algum tempo depois, com as duas doses da vacina, fui aos poucos firmando os pés no chão, melhorei.
    Pois bem, andei a sentir falta dos textos desse negão nascido em Jaguaribe, filho ilustre de seu Heráclito e irmão de Dapenha, bom de samba, de bola, de papo e de literatura. Seu texto descolado, moderno, bem-humorado, irônico e, por vezes cruel, vem da escola de verdadeiros filósofos do humor e escritores como Anco Márcio, Millor Fernandes, Fausto Wolf (que muito o admirava). sem esquecer Machado de Assis, o bruxo do Cosme Velho, o clássico da mais sutil e poderosa ironia (vide Memórias Póstumas de Braz Cubas e o Alienista), sem esquecer a turma do Pasquim, do qual foi colaborador. Em 2014, humberto lançou o seu livro “O que me restou do silêncio”, um apanhado de crônicas que pontua a sua magistral atividade de cronista em colaboração com vários jornais do país. Há mais de dez anos mantém seu blog Eu Plural, embora seja um cara singular, simplesmente 1berto.

  • Reply 1berto de Almeida 8 de agosto de 2021 at 12:36

    Tião de Deus! Fala aí para o meu bom ex-delegado e sempre um puto escritor que assim é para expulsar nossa senhora da penha e quebrar o machado de assis! Falar mais o quê? Ah! Vai escrever bem assim na casa da mãe que pariu os grandes escritores! Será que eu sou assim mesmo? meu Deus! vou me pedir um autógrafo! Putabraço meu bom e sempre grande amigo! obrigado pelas palavras. um dia a gente se encontra e pagarei com palavras!

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