MARCOS PIRES
Mentir é uma arte. Tão difícil de ser praticada que vez por outra alguém é flagrado mentindo. São os amadores, aqueles que não se prepararam devidamente para exercer esse discutível ofício.
O verdadeiro mentiroso é uma espécie de mágico que tem sempre de manter seus truques em segredo. Esses profissionais sabem que para cada mentira contada terão sempre que dispor em média de sete outras pequenas mentiras para reforçar a mãe de todas as mentiras.
Os verdadeiros mentirosos não podem ser confundidos com os fofoqueiros, primos pobres dos mestres da mentira. É que uma fofoca pode se originar de uma mentira, e se o fofoqueiro estiver espalhando esse boato e for questionado pelos ouvintes, não disporá das técnicas de refinamento próprias dos verdadeiros mentirosos.
Um exemplo simples da nobre arte de mentir é o calço. Calçar uma mentira com supostas referencias verdadeiras é fundamental. Citar pessoas mortas como testemunhas da mentira que está sendo dita sempre foi usado por essa moçada. Ultimamente, com o advento da internet a tecnologia ajudou demais. “- Eu vi isso na internet”, diz o mentiroso com aquela convicção adquirida ao longo dos anos de prática mentirosa, como se a internet tivesse o condão de atestar a veracidade da mentira. Mas por favor não confundam a atividade do mentiroso com esses rastaqueras produtores de fake News. A diferença é gritante e se você não sabe distinguir entre ambos merece ser “engalobado” pelos dois. O verdadeiro mentiroso também sabe utilizar como ninguém os dados estatísticos de uma pesquisa que nunca existiu para garantir sua mentira. Quando alguém com quem você estiver conversando disser que 73% dos pesquisados garantiram tal situação, afaste-se um pouco da história. Ele jamais dirá quais os estratos da pesquisa, sequer onde e quando foi aplicada. No máximo inventará um instituto obscuro para assumir a paternidade da tal pesquisa. Meu amigo Paulinho C. conhece um mentiroso que chegou mesmo a criar uma falsa Universidade para atestar suas mentiras. É a Lies University, cujo campus imaginário funciona na Inglaterra e onde seus cientistas fantasmas entendem de palha de aço a naves especiais.
Mas entre todos os mentirosos, os maiores experts só trabalham a cada dois anos. Por sinal a partir do próximo dia 1 de outubro estarão se exibindo no rádio e na televisão para deleite do ingênuo eleitorado. Vale a pena assistir, porque você saberá quando eles estarão mentindo ou dizendo a verdade. O truque é simples; quando estiverem falando de si próprios em rasgados autoelogios, estarão mentindo. Já quando estiverem metendo o cacete nos adversários estarão dizendo a verdade. Ou seja, só acredite nos políticos quando eles estiverem falando mal dos outros políticos.
Simples assim.
4 Comentários
E quando o sujeito é um politico veterano, o espetáculo atinge um nível elevado. Se for um ex-gestor, então, é bom o eleitor está atento para não ser seduzido pela lábia esperta e enganadora tentando transformar fracassos da administração anterior do dito cujo em obras esplendorosas.
E a coisa só piora quando um bando de partidos avaliza a nova empreitada do espertalhão.
Gostei da sua teoria. Merecia ser defendida na universidade de Oxford. Hahai!
MESMO NO MEIO DE AJUNTAMENTO DE MENTIROSOS DIPLOMADOS, HÁ SEMPRE UM TURBILHÃO DE EVIDENTES FALCATRUAS A DEMONSTRAR QUE, NO BRASIL, “AS VERDADES SÃO TODAS MUITO CLARAS, PORÉM SÃO TODAS INÚTEIS” (Ricardo Boechat)
Entretanto, o problema é que somente após muito tempo é que o GAECO contabiliza as licitações e descobre as realidades. Mas aí, JÁ ERA.
Qual a Credibilidade do GAECO? A mesma de Dalagnol, Sérgio Moro, Bretas. Como diz o Deltan, “investigamos FHC só pra passar a idéia de impacialidade”. Nunca vi GAECO em ação quando voava dinheiro das janelas dos edifícios deste condado. Só encenação.