Tertuliano Nunes de Morais, ou Terto Morais, ou Seu Terto como o chamava, acabou de falecer. Tinha 99 anos e faria 100 anos no dia 9 de setembro.
Foi prefeito de Tavares, suplente de deputado estadual, enfermeiro e parteiro de uma geração de crianças que vieram ao mundo pelas suas mãos num tempo sem médico e sem hospital.
Foi mais que isso, foi o maior líder político da terra que adotou como sua. Nascido em Flores, no Pernambuco, transferiu-se para Tavares onde, ao lado de sua amada Terezinha, fixou residência, criou filhos, viu nascer netos e bisnetos, manteve uma casa de saúde que atendia de graça quem dela precisasse e fazia o bem sem olhar a quem.
Era um homem na exata acepção da palavra. Inteligente, culto, conhecia em detalhes a vida de Luiz Gonzaga e discorria sobre Lampião com detalhes que nenhum escritor famoso jamais o fez.
Boêmio, adorava um uísque e um cachimbo e amava ter em torno de si uma roda de amigos para escutar a sua prosa.
Era meu amigo. Devo-lhe atenções impagáveis.
Toda vez que chegava em Princesa, recebia sua visita. Ia me ver e trocar ideias.
Esteve ao meu lado nas horas de dor profunda. No velório do meu pai foi um dos primeiros a chegar. No da minha mãe também. Nunca me negou um abraço.
Nos tempos de jovem, quando a Tavares eu ia e esquecia de voltar, tinha sempre uma cama ao meu dispor.
Fui e sou amigo desse homem incomparável. Dele e dos filhos Tenório, Thiago e Morais.
E estou escrevendo estas linhas com o peito trancado por uma dor que não sei descrever.
– Ah, ele já estava perto dos cem anos-, alguém poderia dizer.
Mas gente como Terto Morais era para viver eternamente.
Terto jamais envelheceu.
Sem Comentários