opinião

Minha infância e o Mosteiro das Clarissas

11 de agosto de 2020

Ana Patrícia Costa Silva Carneiro Gama

Dia de Santa Clara de Assis, a Santa com quem cresci. Morando ao lado do Mosteiro das Clarissas, eram lá meus passeios enquanto bebê, a tardinha, no carrinho, sob os cuidados de minha mãe, às vezes de minhas irmãs, que se prolongaram até a segunda infância, quando toda véspera de Natal, com @apaulalacerda , ia ver o presépio de Natal no Convento e “Papai Noel” ia deixar meu presente justo naquele minuto e sempre “não podia me esperar porque ainda havia vários presentes para entregar”, mas deixava, costumeiramente, um beijo e uma carta.

Na carta estavam os pontos que tinham que melhorar para o próximo ano e os pontos que fui bem, ao final, um lindo “Feliz Natal”.Até hoje guardo essas cartas no coração.

Nesse Mosteiro, época da adolescência, fiz leituras na missa, o ofertório, fiz encenações vestida de Virgem Maria, fui anjo na coroação de Nossa Senhora. Lá, fiz várias promessas, rezava de joelhos no último banco da capela, quando, por vezes, ela estava vazia, e era só eu e Deus. A paz era indescritível.

E os mistérios da clausura? Como me fascinavam e até hoje me fascinam, que mulheres admiráveis! Uma vida de oração, doação, trabalho e coragem. Entrar pela porta lateral da capela, chegar à cozinha, falar com Ir. Anunciada e ouvi-la dizer que “cresci”, que reza por mim e minha família e que “não acredita que já sou mãe de moças”, me transporta a um mundo já vivido, mas que não sai do meu pensamento, fazendo parte do conjunto mágico das lembranças.

O sino bateu, hora da missa de manhã. Acorda. Mas é cedo, hoje é domingo! Não importa, se arrumar, ver as freiras e sentir a paz daquele lugar é um alimento para a alma, é sentir Deus no semblante das que ali habitam, enclausuradas, externas, é ser feliz e estar mais perto de Deus.

Hoje, o Mosteiro das Clarissas de Campina Grande, que sobrevive da confecção de hóstias e da Providencia Divinam, está passando por dificuldades, pela quebra de máquinas que auxiliam na produção e pela pandemia do Covid-19. Qualquer ajuda será muito bem-vinda.

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1 Comentário

  • Reply Ivanete Teixeira Gama 11 de agosto de 2020 at 17:07

    Que relato Lindo! Me senti emocionada!
    Que Santa Clara de Assis toque nos corações humanos e os induza á generosidade.
    Amém!

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