Edmundo dos Santos Costa
No momento nada tenho para escrever! … Como pude ter dito tal despautério? É o mal antigo que a muitos acomete. Não refletir antes de falar leva-nos a fazer afirmações gigantescamente tolas.
O quê é o “nada”?
O meu dizer firmando que “nada” existe para escrever tem cara de, no mínimo, insubsistente, sob qualquer aspecto e é filosoficamente insustentável, isto porque poderemos, procurando, encontrar o “nada”. Este é facilmente constatável.
Não sendo palpável pela evidência do tato, nem por isso pode ser negado no campo das ideias. “Nada” em si já é algo, se não o fosse, como então referir-se a ele? “Ele” sim! Dicionários classificam-no como sinônimo masculino. Confirme. Sendo-o, como seria possível classificar algo que não existe?
“Nada” vezes “nada” é igual a “nada” … princípio matemático. Algo para ser igual a algo, precisa existir. Com o “nada” não é diferente. Se o “nada” é nenhuma coisa então, a é e, sendo-a, não deve ser negado. Se o “nada” não existe, por que em relação a ele, tanto se disse e se diz tanto?
Se dizemos que o “nada” é a negativa da existência, então, a é e situa-se no campo da suposta evidência afirmada, caso esteja correto o que proclamamos. No mínimo é produto da nossa cognição, se é que a nossa informação venha a ser confirmada como verdadeira. Se alguém insiste que “o nada” é o espaço vazio, estará negando a inexistência “dele”, isto porque, de cara já admite como certo, algo que, dependendo do ângulo de premissa e de raciocínio poderá ser incomensurável.
O Porquê? Para verificação basta se imaginar o que seja
“espaço vazio”. Ter-se-ia que delimitar onde ele começa e onde ele termina. Assim, se tem limites, torna-se fato e não mera abstração – que, também não deixaria de existir no intramundo, se tal fosse – se não os tem – os limites – torna-se grandiosamente ilimitado. O espaço vazio é universal e existe, inegavelmente.
Podes dizer que eu sou um “nada” ou que não sou “nada”. No primeiro e no segundo casos, ocorrendo a certeza de que eu sou “um nada”, assim já seria um ente definido. Se sou “nada” o que também não é pouco, então o sou. E se o sou, sendo-o, sou mesmo. Ruim seria se não o fosse? Provavelmente não! O ato só de “não ser”, se há, é o contrário de “ser”, configurando a outra metade de uma mesma e lógica evidência.
Se sou, existo. Se não existisse estaria existente na ação de negar-me, logo não poderei ser anulado ou posto invisível, por qualquer das premissas, sendo ou não sendo. Alguém poderia redarguir que a questão orbita o campo da realidade ou da irrealidade. Tanto numa, como noutra hipótese, não fará diferença, pois, sendo uma, outra ou ambas, não deixo de ser.
Há quem diga que tudo começou do “nada”. Se for assim o “nada” é espetacular, porque, a partir dele tudo começou e ele é matéria primordialíssima.
Cientistas, há, dizendo que 73 % da massa do universo, correspondem ao “nada”. Confirmado o dado, testifica-se que o “nada” não apenas existe como é matematicamente afirmada a sua grandeza e universalidade.
O “nada” é absoluto em sua particularidade. Se Einstein disse, como dizem e escreveram que disse, que “tudo é relativo”, esqueceu da regra sobre “toda regra ter exceção”.
O tal Platão falou muito sobre muito e escreveu um pouco sobre o “nada”. Depois, desconversou e seguiu por outro caminho.
Na Utopia, Thomas More abordou o que, para muitos é inexistente e, portanto também chamado de “nada”. Sendo, por isso, por igual razão, merecidamente, até hoje festejado.
Se o “nada” não existisse os átomos não circulariam ou não teriam movimento. Parodiando a geografia poder-se-ia assertar que o “nada” é o caminho que o átomo percorre. É a órbita do átomo.
O “nada” é real e incontroverso e “doido é quem me diz”!
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