opinião

MORENO, VILA BRANCA, SOLÂNEA

5 de dezembro de 2021

Ramalho LEITE
Entre os historiadores que compulsei, resta uma dúvida a esclarecer. Todos contam a mesma lenda. O português colonizador perdeu-se pelas terras das bananeiras e aprisionado por índios antropófagos, estava sendo preparado para servir de banquete aos seus carcereiros. Era Gregório da Costa Soares, vindo da serra do Cuité.Salvo por uma índia, ao clarear o dia alcançou a Aldeia de Santo Antonio da Boa Vista e, agradecido, casou com a índia e prometeu erigir uma capela à Nossa Senhora do Livramento. Há uma escritura publica que comprova a doação e o doador do terreno onde surgiu a capela. A mesma lenda serve de alicerce à história do surgimento de Solânea. A “Planeza”, como Celso Cirne queria que fosse chamada, nasceria justamente nessa Aldeia de Santo Antonio, onde aportou Gregório ao fugir do cativeiro. Essa a versão de Novais Junior corroborada por Humberto Nóbrega. Luis Pinto, porém, conta a mesma história mas se refere a Gregório Soares Moreno. Bastos de Azevedo, por sua vez, acusa o surgimento do povoado de Moreno e já com essa denominação, em razão da presença ali de um Soares Moreno, parente de Gregório da Costa Soares, justamente o doador das terras para a capela de Bananeiras. Lailton Oliveira acrescenta um Antonio ao nome do citado Soares Moreno, um cearense que resolveu fincar raízes no lugar que, em virtude da sua presença e fama, passou a ser chamada de Chã de Moreno. Existiram dois Gregório ou misturaram os sobrenomes?
Nessa chã nasceria, a partir de 1953, uma cidade progressista e rebelde, herdeira dos ideais de Celso Cirne, Leôncio Costa e José Pessoa da Costa. A vitória do epitacismo em 1915 daria a Solon de Lucena, com os votos de Moreno, a hegemonia política de Bananeiras, derrotando o poderio dos Rocha que vinha da ação política e força econômica do comendador Felinto Rocha, filho do Barão de Araruna. Foi no discurso de agradecimento à vitória que Solon de Lucena previu o seu crescimento político a partir “desta Vila Branca onde fincarei a minha bandeira triunfante”. Celso Cirne era cunhado de Sólon de Lucena e genro do Comendador Felinto, o que o deixava em situação incômoda na política do brejo. Contudo, foram os dois eleitos deputados em 1912. Seu entusiasmo pelo progresso da Vila de Moreno, onde plantara vários empreendimentos, o coloca frente à Solon na disputa pela estrada de ferro. Chegou a obter aprovação para o seu projeto da chegada do trem a Moreno, deixando Bananeiras à margem. Solon, porém, esbravejou: “o trem chegará a Bananeiras, nem que seja por debaixo da terra”. E chegou em 1925, após dez anos de construção do túnel da Serra da Viração. A rivalidade entre o distrito e sua sede começou daí, sendo Celso Cirne o maior incentivador.
Com a posse do prefeito nomeado, o solanense Tancredo de Carvalho, instalou-se o município Com a renúncia deste, assumiu Luiz Ferreira de Melo. O primeiro prefeito eleito, como candidato único, foi o empresário Waldemar Alves da Nóbrega, seguido por João Elísio da Rocha, Epifânio Plácido da Silva, Jocob Soares Pereira, Waldomiro Jayme da Rocha e Arnóbio Alves Viana. João Rocha e Waldomiro seriam prefeitos em duas oportunidades. Com o desaparecimento das lideranças tradicionais, surgiram Beto do Brasil, nascido em Serraria com o nome de Sebastião Alberto Cândido da Cruz, prefeito pela terceira vez, e Francisco de Assis Melo, dr.Chiquinho.Antes desses dois últimos, foram eleitos Francisco de Freitas Chaves, que não concluiu o mandato e Arnaldo Alves Viana, segundo membro do clã Viana a ocupar a municipalidade. Filho do ex-prefeito Waldomiro, Kaiser Rocha é o prefeito reeleito de Solânea e comemora os 68 de sua independência política.

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