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Morte, porque não consigo me acostumar com ela

13 de julho de 2021

Tantas mortes já vi, tantos amigos perdi, tantos parentes se foram e ainda não me acostumei com a morte.

A sensação de perda, de vazio, de tristeza e de impotência se repete à cada nota de pesar, à cada aviso fúnebre.

E quando a morte é de alguém que a gente conheceu menino ou menina e que morreu no desabrochar da vida, aí é que dói, machuca, chafurda o coração, tira a graça da vida.

Ana Cacilda, que eu vi menina a brincar nos jardins do tio durante as férias de dezembro, se despediu da vida esta manhã.

Lutava pela vida no hospital de Brasília, mas a vida não a quis mais.

Era prima de Dona Cacilda, filha de Zélia Marques, sobrinha do velho Cabral, o dono dos jardins por onde ela corria nas manhãs de domingo durante as férias de dezembro.

Artur, filho de Bruno e de Joselma Chacon, era mais novo ainda.

Tinha apenas 18 anos.

Lutou como um herói contra um câncer na cabeça.

Chegou a apresentar melhoras, mas partiu hoje, aos 18 anos.

O que dizer aos que ficaram carpindo a ausência e a saudade?

Que a vida é assim mesmo?

Que a morte é uma consequência da vida?

Não, de nada adianta. São apenas velhos jargões que não obram o milagre de arrefecer a dor.

Palavras, só palavras que, embora ditas com a alma em prantos e o coração sangrando, não passam de palavras soltas ao vento.

Não, não consigo me acostumar com a morte.

Sei que ela é certa, que é inevitável.

Mas à cada morte anunciada, sinto que também morre um pouco da minha alegria de viver.

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3 Comentários

  • Reply Chico 14 de julho de 2021 at 05:43

    Eu comungo contigo Tião.

  • Reply Edmundo dos Santos Costa 14 de julho de 2021 at 10:21

    DISSE ZÉ LAURENTINO:

    SEI QUE A MORTE E MUITO AGRESTE.
    É TRAIÇOEIRA E NÃO NOS POUPA.
    NO ENTANTO SÓ RASGA A ROUPA,
    DE CARNE, QUE A ALMA VESTE
    E LÁ NA MANSÃO CELESTE
    SE ABRE OUTRA JANELA.
    EU VOU PASSAR NA CANCELA
    QUE DÁ PARA AQUELA MORADA.
    A MORTE ESTÁ ENGANADA!
    EU VOU VIVER DEPOIS DELA.

    O MOTE FOI DE RAIMUNDO ASFÓRA.

  • Reply Nicodemus 14 de julho de 2021 at 16:40

    A velhice já é um pouco da morte e,acompanhada de alguma infermidade mais próximo ficamos.O atraso espiritual do ser humano,causa maior desconforto ainda,diante do salto no escuro que daremos,todos: dia mais,dia menos.O humano é um mamífero,com a diferença da faculdade do planejamento,no mais,desde a concepção,é igualzinho aos de sua espécie.Tendo outra vida,todos os mamíferos tambem terão. SÓ DEUS NA CAUSA.

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