Finado Sete Couros, se vivo fosse,faria a festa nos visuais que as mulheres exibem ultimamente. Elas mostram as abas das coxas com a maior naturalidade, exibem as calcinhas como se estivessem mostrando um simples joelho e existem algumas que andam no osso,sem nada debaixo da saia, somente para que algum curioso dê notícia de seus segredos com apenas uma cubada.
Naquele tempo, e não faz tanto tempo assim,Sete Couros comandava a turma que se escondia nos desvãos da Pichilinga para espiar aba de coxa, bolacha de joelho e, quando muito, um bico de peito, para, usando os olhos e parodiando a fantasia, suprir as carências sexuais impostas por um tempo de profundas abstinências.
Não pensem que ele,Sete Couros, era um sozinho nessa multidão de, digamos, adeptos da mão boba com mal de Parkinson.
Eu e minha turma estávamos lá, sob seu comando, na Pichilinga do Açude Velho, nos salões vazios do Gama e Melo e em locais onde as belas moças, se achando seguras pela vigilância da solidão, tiravam a roupa para se banhar nas águas escuras e frias do velho Ibiapina.
Não me cabe enumerar o time inteiro dos pecadores solitários. Lembro de alguns: Tião Lucena, Dé Galdino, Zé Lambreta,Teté e João Passarinho, dizem que Wellington de Seu Marçal também era adepto embora não existam provas,sem contar aqueles que exibiam uma moral religiosa acima de qualquer censura , mas se desmanchavam no pecado solitário dos banheiros ou do ateliê de Antonio Eugênio.
Quando não era desse jeito, corria-se para as ancas de Veneza, a famosa burra de Seu Marçal Medeiros, que deixou de ser animal de montaria com sela de couro para ser amante de sisudos senhores casados e irresponsáveis adolescentes. A danada era tão sabida que não podia escutar um assovia, pois corria logo para a pedra mais próxima, levantava o rabo e ficava a espera do amor.
De vez em quando, infelizmente, acontecia um acidente de percurso.
O último que me chega à lembrança ocorreu numa sexta feira perto do meio dia no chamado Banheiro dos Homens do Açude Velho.Os irmãos João e Teté se arrastaram pelo capinzal para ver de perto a senhora que se banhava tranquilamente numa loca. João foi por um lado, Teté pelo outro, ambos procuraram o melhor angulo de visão, começaram os serviços, mas como João chegou mais perto e viu melhor,de logo alarmou:
-Teté, já gozou?
Diante da resposta negativa, João anunciou a tragédia:
-Pois não goze, pelo amor de Padim Ciço, pois quem tá lá tomando banho é mãe.”
Sem Comentários