Nem sempre o mais letrado é o escolhido para imortal da Academia

Dos três candidatos em disputa pela cadeira 27 da Academia Paraibana de Letras, Germano Romero é o que reúne méritos para ocupa-la. Não sei se terá votos. E creio até que não os tem. Os dois outros candidatos são muito fortes. Um já foi senador e é rico. O outro, igualmente chegou ao Senado e possui um império de comunicação. E como sei que nas eleições acadêmicas pesa muito o “se me dão”, não ficarei surpreso caso, ao final da apuração dos votos, Romero fique em terceiro lugar.

Ainda lembro o episódio vivenciado por Glauce Burity. Igual a Germano, que pleiteia sentar na cadeira que foi do seu pai, Glauce se achava com direito de ocupar a que fora do seu marido, Tarcisio Burity.

Mas no meio do caminho apareceu um candidato poderoso. Não tinha livros publicados, mas tinha fama. Era autoridade e estava no gozo desses requisitos.

Previ a derrota de Glauce ao final da homenagem póstuma da Academia a Burity. Não fazia uma semana da morte do ex-governador e a APL, chorosa, reuniu seus membros para prantear a saudade do grande paraibano. E enquanto lá dentro Crispim, Gonzaga e Carlos Romero enalteciam as virtudes do morto, “imortais” amigos do novel pretendente faziam boca de urna, distribuíam panfletos e pediam votos para o adversário de Glauce.

Glauce, professora, historiadora, com livros publicados, perdeu para um técnico desobrado.

Agora vemos coisa semelhante. Germano, cronista, escritor e intelectual, corre o risco de perder para um dono de colégio e para um empresário de sofrível verve.