“Ninguém atira pedras em árvore que não dá frutos”

 

Por: Aldo Ribeiro – economista e progressista

Campanhas políticas, sobretudo nos últimos anos, tem sido marcadas por uma enxurrada de acusações e notícias falsas. Vale tudo. Ainda antes da disputa propriamente dita, cria-se um ambiente de espetacularização acusatória, articulados em conjunto entre setores da imprensa, instituições e grupos políticos, pra que reputações sejam jogadas aos leões do julgamento popular. Depois disso, o agredido, recebe uma espécie de pecha de tudo que não presta. E isso é utilizado exaustivamente nas campanhas eleitorais.

Tivemos aqui, recentemente, o deputado Ruy Carneiro aproveitando-se desse tipo de contexto que narrei no parágrafo acima. Pior: da forma mais vil e covarde possível. Justamente quando o ex-governador já não podia mais defender sua honra. Ruy teve seus 15 minutos de fama. Mais por um ato de desespero, face o castelo de areia que é sua candidatura. Provavelmente tentará mais vezes trazer o debate pra essa seara de baixaria e do moralismo sem moral. Que nas próximas, ao menos dê ao ex-governador, a chance de se defender. Até na briga, há de se jogar limpo.

E no último sábado, tivemos um parecer do MPE-PB, sugerindo a condenação e aplicação de multa, ao candidato Walber Virgulino, por propaganda irregular e ofensa a honra do candidato Ricardo Coutinho. Palavras como “bandido” e “corrupto” foram utilizadas contra o ex-governador. Uma pena que o debate seja calcado pelo denuncismo populista e oportuno.

O mais engraçado de tudo, é que o candidato do Patriotas ao chamar seu adversário de bandido e corrupto, se esquece que o presidente Bolsonaro tem ligações muito próximas com as milícias cariocas. Que há décadas, ele, seus filhos e até ex-mulheres, se beneficiam das rachadinhas, conforme mostram as fortes evidências das investigações. Talvez não saiba que nas eleições de 2018, Flávio Bolsonaro foi o mais votado em 74 das 76 urnas em Rio das Pedras. Rio das Pedras pra quem não sabe, é uma região do Rio de Janeiro dominada pelo Escritório do Crime, considerada a maior e mais perigosa milícia daquele estado. E o que falar do Queiroz, amigo do Bolsonaro há quase 40 anos e morador de Rio das Pedras? Não é preciso ser nenhum gênio pra ligar os pontos. Percebem as interconexões? Talvez Walber não saiba, e por isso não profira as mesmas palavras pra o presidente e sua família. Vai saber, né?

Hoje, na verdade, Bolsonaro trabalha pela sua reeleição, não por qualquer tipo de comprometimento republicano com o país. Trabalha pra salvar sua pele e a de seus filhos. Uma vez longe do poder, sem a caneta na mão, estará em péssimos lençóis.

A estratégia de Ruy e Walber, em se utilizar da metralhadora giratória de acusações contra o ex-governador é compreensível, porém pouco benéfica do ponto de vista de suas pretensões nessas eleições. Enquanto atacam Ricardo, Cícero e Nilvan, seus verdadeiros adversários nesse momento, apresentam-se com um discurso “moderado e conciliador”. Tentam abarcar os eleitores de direita, além da bolsonarista raiz, hoje resumida somente aos mais alienados. Arrisco-me dizer, sem as amarras nada confiáveis das pesquisas feitas aqui na PB, que Ricardo já está no 2º turno. Resta saber quem vai pra disputa com ele. Por isso tantas pedras jogadas nos girassóis do PSB. O conjunto de obras e ações nas gestões de RC, obriga seus adversários jogarem no pântano das acusações, ainda que sem provas, mas com o maciço apoio dos grandes veículos de comunicação.