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No meu tempo

5 de maio de 2019

Marcos Pires

A certeza de que estou ficando velho me chegou com força no sábado passado, quando fui ao aniversário de 15 anos do meu neto Pedro e ouvi as conversas dos amigos dele.

Como eram diferentes nossas diversões. Um exemplo simples; assistir filmes. Hoje em dia eles se limitam a ver o filme e comentar depois. No meu tempo não era assim, havia muita “interação”.

Lembro que minha turma do bairro do Miramar marcou no cine Rex para assistirmos um filme de Maciste. Para os mais novos, vale dizer que era um personagem superforte que sozinho resolvia qualquer parada. Lembrava esse Conan, o bárbaro. Pois bem, nosso amigo Neno Rabelo antecipou-se e assistiu à primeira sessão, de modo que quando chegamos ele já sabia de toda a história.

Como sempre, quando apareceu na tela a propaganda da Condor filmes, todo o cinema gritou xô ou assoviou até que o pássaro símbolo da empresa exibidora voasse da imagem. Era uma praxe. Em seguida o silencio total, enquanto Maciste enfrentava e derrotava dezenas de inimigos, até que caiu numa armadilha e conseguiram prender nosso herói numa cela. Maciste esperou anoitecer, quebrou as pesadas correntes que o amarravam a uma coluna, entortou as barras da grade e seguiu pelo corredor sem fazer qualquer barulho para não acordar os guardas. Naquele silêncio angustiante ouviu-se a voz de Neno: “- Ei, Maciste!”. Pois não é que o ator parou, olhou para trás (ou seja, para Neno, na plateia) e logo depois voltou a correr para a liberdade? Neno ficou famoso com essa sacada. Isso sim era interagir.

Claro que existiam outras formas de “interação”. Lembro que fui com meu primo Juca assistir um filme no cine Santo Antônio, em Jaguaribe, onde ele morava. Estranhei porque quando entramos no cinema, ao invés de irmos para as primeiras filas do térreo, meu primo e sua turma fizeram questão de sentar no primeiro andar. Notei que um deles levava um saco que os demais arrodeavam para disfarçar. Mas conhecedor do “animo” daquela turma da Vila dos Motoristas, fiquei na minha. Pois não é que no meio do filme eles abriram o saco e arremessaram uma galinha que saiu planando e cacarejando sobre o pessoal lá embaixo?

Sinceramente não entendi porque minha nora mais linda e querida do mundo pediu para que eu não contasse mais histórias do meu tempo ao meu neto e seus amigos. Logo quando eu ia contar sobre Carlos Carreiro, Juca Buranha e outros saudosos amigos.

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4 Comentários

  • Reply Arnaldo 5 de maio de 2019 at 11:17

    hoje tenho 57 anos e estudava no colégio arquideocesano pio XII, lendo esse seu comentário lembrei de uma dessas astúcia na década de 70 quando fomos assistir um filme no cine plaza e levamos um pombo dentro da bolsa quando se passava uns cinco minutos do filme soltamos o pombo ele foi direto para tela do cinema foi quando desligaram o filme acenderam as luzes para pegar o coitado do pombo…

  • Reply HUGO 5 de maio de 2019 at 17:16

    Marcos, gostaria de saber se JUCA BURANHA é vivo e caso positivo, se reside aí em João Pessoa. Grato. Hugo.

    • Reply Sebastião 5 de maio de 2019 at 19:54

      Morreu

  • Reply Renan Garcia leal de Araújo 5 de maio de 2019 at 22:37

    Fantástico esse Marcos Pires, esse com seus contos foclorico faz narrativas histórica do nosso querido Miramar, onde ali vivemos momentos inesquecíveis de personagens maravilhosos , filho de dona Creusa Pires, essa mulher marcante que nos deixou um legado de saudosismo, que quando chegava o natal, ela mandava entregar os presentes no caminhão do Gran Pires com papai Noel, tempos de ouro, ficávamos Eu Renan, meus irmãos Durvalzinho, Gherman e Alexei na maior expectativa, àquilo era sulreal, Obrigado Dona Creusa e minha querida mãe Niselia as nós proporcionar uma fantasia verdadeira…tempos memoráveis.

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