Números de infectados e mortos aumentando, e empresas indo pro vinagre. João Azevedo e prefeitos vão sepultando seus mandatos.

 

Por: Aldo Ribeiro – Economista e progressista.

Quase três meses desde as vãs tentativas de qualquer coisa parecida com isolamento, e os números são duros. Até o último dia 10/06, 24032 casos de Covid-19 e 559 óbitos. Pra termos a exata noção do desastre pelo qual estamos passando, basta dizer que o número de mortos por Covid-19 em menos de três meses, equivale a algo em torno de 60% de todos os homicídios ocorridos na Paraíba em 2019. Nessa pisada, mais alguns meses e chegaremos ao número vergonhoso de 1000 vidas abatidas pelo vírus.

Não. Não seria justo de nossa parte culpabilizar somente um ente público nesse inferno que estamos vivendo. A coisa vem lá de cima. Temos um projeto de presidente, que não tem dignidade pra ocupar o cargo. À essa altura, governa pra salvar sua pele e a de sua família. Fomenta crises, ignora a ciência e todas as medidas de bom senso no combate a pandemia. Age como um genocida. Vai cair e será preso, não tenho dúvida disso.

Entretanto, a partir do momento que as responsabilidades de combate e achatamento da curva de contaminação ficam à cargo de governadores e prefeitos, é preciso que cada um carregue seu fardo, ainda que pesado, e faça com que as medidas adotadas surtam efeito.

Reforço: temos praticamente três meses perdidos. A curva de contaminação não diminui, as empresas, sobretudo as pequenas e médias, vão quebrando, e não há perspectiva alguma de diminuição no número de infectados e mortos. Governador e prefeitos da região metropolitana: vocês falharam. Não tiveram pulso pra tomar as medidas duras e necessárias lá atrás. Tivéssemos feito um isolamento de verdade no já distante mês de abril, estaríamos hoje servindo de referência pra todo o país. Mas, vocês preferiram acreditar que suas pseudo-medidas, fariam com que a população ficasse em casa. Está aí o resultado. A curva não baixou, e o custo econômico já foi mais do que pago. A quebradeira será muito maior do que poderia ter sido, caso tivessem tido a coragem de agir duramente. Repito: entendo que a origem de tudo isso vem lá cima. Mas não podemos isentá-los de suas responsabilidades. Era possível fazer sim. Os próprios empresários hoje, reconhecem que se o isolamento de verdade tivesse sido feito lá atrás, o impacto seria bem menor. Faltou-lhes coragem.

Já temos mais de 200 municípios paraibanos com registros de infectados, mas o epicentro, reitero, se dá aqui na região metropolitana. Só pra termos uma ideia da bomba relógio que se tornou essa região, excetuando-se algumas cidades, ficaremos com Cabedelo, João Pessoa, Bayeux e Santa Rita, que no final das contas é como se fosse uma única cidade. Pois bem, somente nesses municípios caminhamos pra 10 mil casos e já temos quase 330 mortos por Covid-19. Isso sem contar, percebam, os subnotificados, dado a baixa e tardia testagem do estado.

Dito isso, voltar as atividades normais de comércio, indústria e serviços, será uma tragédia mais do que anunciada. Qualquer medida nesse sentido, será como jogar roleta russa com a vida dos cidadãos. O vírus está aí livre, leve e solto. O risco de caos na saúde é real. A porcentagem de leitos ocupados é altíssima pra tal medida. Pra o leitor ter ideia do descaso e da falta de planejamento na tentativa de isolar as pessoas, no último sábado participei de uma ação solidária na distribuição de refeições pra moradores de rua. Tem muita gente invisível nas ruas. Experiência pra vida conhecer um pouco da história de alguns deles. A quase que absoluta maioria sem proteção alguma. E olha que coincidência: li hoje, 11/06, que o governo do estado sancionou medidas para pessoas em situação de rua. Percebam o absurdo. Três meses depois do início da pandemia, algum poder público, nesse caso o estado, tomou medidas pra proteção social em tempos de vírus, à moradores de rua. Dá pra acreditar que exista algum tipo de planejamento quando você lê uma notícia dessa? Desculpa, mas não dá.

Será irresponsável, nessa fase da pandemia aqui em nosso estado, qualquer tentativa de reabertura. Caso haja uma explosão de infectados e mortos, acreditem, essa conta irá pra vocês. Noventa dias passados, e não conseguiram fazer com que a população ficasse míseros quinze dias em casa. É difícil, eu sei. Sobretudo nos bairros mais pobres e populosos. Mas a impressão que tenho, é que em nenhum momento fizeram o suficiente, mesmo quando apertaram um pouco mais. “Os humilhados do parque com os seus jornais”, estão aí pra provar.

Não vivemos tempos normais. E tão cedo ou jamais seremos como antes. Pessoas estão sendo obrigadas a ter novos costumes e padrões de consumo. Empresas por um longo período também terão novos padrões de faturamento, receita e lucro. Serão tempos difíceis pra todos.

Coragem, meus caros. Sobretudo dos nossos homens públicos. São vocês quem pavimentam nossa estrada.

Quem puder, fique em casa.