Por RÔMULO MONTENEGRO
É voz corrente nos principais fóruns de debates sobre o agronegócio que o Brasil tem fundamental importância na redução da fome mundial, pois, além de dispor de alta tecnologia no campo e na produção de alimentos, ainda tem em seu favor um clima ameno que possibilita a colheita de até três safras por ano;
A produção nacional de alimentos tem tido um crescimento consistente a vários anos, e na última década, o Brasil tem aberto uma media 80 novos mercados anualmente para os seus produtos agropecuários;
Esse já é um sintoma clarividente de que o nosso país tem contribuído em muito para o acesso a alimentos na mesa da população mundial, e já se fala que o Brasil alimenta em torno de 10% da população mundial;
Acontece que, a população mundial cresce de forma acelerada, sendo que atualmente nasce 4,6 pessoas por segundo, ou seja, mantido este ritmo em 2050 teremos em torno de 10 bilhões de pessoas, o que representa um aumento 20% da população consumidora de alimentos em apenas 2 décadas, já que atualmente somos 8 bilhões de pessoas no mundo;
Portanto, em tese, teríamos que aumentar a nossa produção de alimentos somente para atender o crescimento da população mundial em 20%, além do enorme déficit mundial para atender a demanda de alimentos, porquanto vários países incluindo o Brasil sofre com a fome e a falta de alimentos adequados para uma vida saudável;
Destaque-se a série de limitações que os outros países, diferentemente, do Brasil, que não se encontram localizados entre os trópicos de Câncer e Capricórnio enfrenta para produzir, em decorrência da rigidez do climática, o que potencializa a produção nacional e de alguns países africanos, sendo que, ao contrário do Brasil, a África tem muitas dificuldades tecnológicas, científicas e humanas para ampliar a sua produção agropecuária na velocidade que o mundo exige;
Então, induvidosamente, o nosso Brasil será a “bola da vez”, digo mais, já somos, porque aceitabilidade dos produtos agropecuários brasileiros pelo mundo afora, representa uma enorme virada de chave para o nosso país, que antes representava um grande comprador de alimentos e converteu-se em um dos mais eficientes produtores destes alimentos a ponto de incomodar outros países com tradição nesta área, como França, Bélgica, Holanda, e etc, além de EUA e a própria China que apesar serem parceiros importantes, mormente, no campo da tecnologia, também sentem o impacto da concorrência do agro brasileiro;
E onde entra a Região Nordeste e o Cooperativismo nesta história!?
É que Nordeste Brasileiro sempre foi priorizado para implantação de políticas públicas assistecialistas em detrimento de planos desenvolvimentistas pelo sistema, e este mesmo sistema político/institucional tem causado com isso, um enorme prejuízo para nossa região e trazido graves danos sociais e econômicos para a sua população! Se pode excetuar, todavia, as ideias e ações do nosso paraibano Celso Furtado as quais foram fundamentais para direcionar políticas públicas estratégicas e estabelecer parâmetros para produção regional e que tiveram grande importância para o Nordeste num dado momento;
Acho que precisamos experimentar um momento similar, ou seja, precisamos revisitar as ideias do grande Celso Furtado para recolocar a Região Nordeste no cenário nacional de produção, inclusive, agropecuária, mormente, no desenvolvimento da agroindústria;
Aliás, acho que essa deveria ser uma iniciativa do Consórcio Nordeste, priorizar um conjunto de propostas e ações que passassem pelo fortalecimento da indústria do agro;
O Estado Brasileiro não suporta o ônus de políticas assistencialistas que sempre foram buscadas pelos gestores nordestinos, a economia brasileira encontra-se combalida e não aguenta ações sem retorno econômico e social, como se fizera até certo tempo pretérito, pois, se olharmos direitinho tudo que foi investido pelos governos em termos de políticas ditas sociais e o seu nível de recuperação ou ascensão socioeconômica da população é frustrante, e soa como proselitismo dos governantes!
Pois bem, o momento recomenda que procuremos nos encaixar para atender a demanda mundial de alimentos, e nesse contexto, possamos fortalecer o agro nordestino com políticas públicas, efetivamente, desenvolvimentistas, que passa necessariamente pelo acesso a tecnologia, que impõe o ganho de escala e a agregação de valor;
Falando disso, estou dizendo que o produtor precisa de alternativas que lhes permita acessar produtos com alto nível de tecnologia para garantir a sua produção apesar de limitações edafoclimáticas, e elas, existem e tem sido muito eficientes para superar alguns obstáculos naturais;
O ganho de escala é outro fator determinante juntamente com a tecnologia para colocar a Região Nordeste numa situação de isonomia em relação a outros estados da federação, porque sem escala não há competitividade, poder de barganha e sobrevivência num mundo de relações globalizadas e negociações multinacionais, incrementadas pelas tecnologias da informação, comunicação e da inteligência artificial;
A agregação de valor é ponto cruciante assim como o acesso tecnologia, o ganho de escala, para assegurar ao produtor um melhor desempenho financeiro da sua produção, porque isso vai lhe permitir opções além da “caixinha”, digo, o tradicional cultivo e produção animal, poderá transformar-se em produtos que cheguem ao consumidor numa cadeia terminativa e eficiente;
O cooperativismo como modelo baseado na comunhão de esforços e divisão de lucros, balizado em princípios de natureza social, reputo seja o mais adequado como política pública a ser implementada para desenvolvimento do agro da região Nordeste e a sua inserção no contexto de atendimento a redução da fome mundial, digo mais, esse modelo assegurará a própria região, diminuir as desigualdades sociais, porque permitirá aos indivíduos de um determinado grupo ou associação o direito ao seu próprio negócio!
Além disso, permitirá que em grupo ou associação possam acessar tecnologias que, digam-se de passagem, são muito caras, para serem adquiridas individualmente, mas, que são viáveis para um conjunto de pessoas;
O cooperativismos além de tornar possível o ganho de escala, o acesso à tecnologia e a agregação de valor, ainda permite a intercooperação que assegura a interrelação entre cooperativas para assegurar o próprio ganho de escala e a agregação de valor, mas, também o fomento da sua produção através do crédito necessário a investimentos e custeio da atividade do produtor!
Esse artigo se desencadeará em outros, os quais possa dar conhecimento a sociedade e aos leitores acerca da importância estratégica do agronegócio para minorar as consequências da fome na população mundial e local!
3 Comentários
Mais um excelente artigo, comungo com a ideia que o caminho para o desenvolvimento dos estados nordestinos é a inclusão socioprodutiva, que gera trabalho, emprego e renda, dentro do sistema cooperativista, planejado e integrado, com apoio através do crédito acessível e direcionado, tanto para capital de giro, custeio e investimento. Através do cooperativismo, da agroindustrialização, da inovação e tecnologia e a produção em escala(coletiva) será possível inserir milhares de pessoas na roda virtuosa da economia sustentável. Porém se faz necessário o diálogo com os atores corretos para realizar o planejamento estratégico assertivo e os planos de ações adequados.
👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻 O nosso Brasil assusta concorrentes no mundo por nossa extraordinária capacidade produtiva, o produtor brasileiro consegue ter excelentes resultados em três safras e em alguns casos até 4 safras no ano. A nossa capacidade produtiva unida em cooperativa é indestrutível, estamos juntos no desafio de educar a nossa gente para ler escrever e prosperar através do cooperativismo. Somos os maiores tanto em alimentos como em bioenergia. Tenha coragem de esclarecer onde estiver.
Importante reflexão de um conhecedor e com grande experiência no setor. Parabéns Rômulo! O Cooperativismo agradece seu engajamento e entusiasmo. #somoscoop