RAMALHO LEITE
Fui magro a vida quase inteira. A minha média de peso até perto dos cinquenta anos, não passava dos sessenta quilos. Nunca pratiquei esportes e minhas caminhadas são feitas, bem aboletado na cadeira de um veículo. Vida sedentária e ausência de exercício tinham que me levar a um excesso de peso, principalmente por falta, também, de uma dieta responsável. Mas tudo isso é possível corrigir, desde que haja disposição para tanto.
Ao amanhecer do dia, acordo com uma imensa vontade de fazer uma caminhada. A praia está próxima e suas areias convidativas. Espero um pouco e essa vontade passa. Longe da praia, minha dificuldade é para calçar o tênis. Às vezes eu consigo e me misturo entre os caminhantes. Descobri que andar engorda. Quase todo mundo que caminha é barrigudo…Termino perdendo o entusiasmo.
Nos anos sessenta ganhou muito prestígio o jogging, sistema inventado pelo dr. Kenneth Cooper. Por esse método, você marcha mais rápido que a caminhada e mais lento que a corrida. Quem consegue esse equilíbrio e o pratica todos os dias, tende a emagrecer pelo menos vinte e cinco vezes mais do que os não praticantes – é o que dizem os estudos, quase sempre de revistas científicas inglesas que a gente nunca ouviu falar.
Mas segundo os estudiosos do assunto, não precisa ir à praia ou utilizar as avenidas isoladas para a prática esportiva por determinado período da manhã. Se todos os dias, você circula o perímetro do seu bairro, esse exercício serve até para prevenir o diabetes. Precisa, apenas, escolher uma hora certa. Por exemplo, se a caminhada de trinta minutos é feita após o jantar, há o indicativo de perda de peso duas vezes maior, com redução do açúcar e da gordura corporais. Caminhar na área coberta do seu prédio, nem pensar! Ao ar livre, se emagrece muito mais do que em ambientes fechados. Esqueça, portanto, a esteira e calce o tênis. Procure a calçadinha da beira mar ou do rio, escolha um alvo como meta, e parta em busca de um corpo mais esbelto.
Depois de aprender todas essas lições resolvi me arriscar. Fui pela primeira vez este ano à beira do mar e comecei uma caminhada vagarosa. Ao dar os primeiros passos encontrei o conselheiro Fernando Catão, caminhante já experimentado e de agradável papo. Ele fez meia volta e fomos na mesma direção. Começamos a revisar os assuntos da atualidade, desde os presídios maranhenses à sucessão estadual. Fora da política, mas por dentro do assunto melhor que ninguém, por ser um expectador privilegiado, me arrastou e obrigou, sem que eu notasse, a manter seu ritmo de atleta das calçadas do Parque da Criança. Não há coisa melhor para esquecer o cansaço do que uma conversa animada…
Já ia perto de Areia Dourada e avistando a zona rural de Cabedelo – Areia Vermelha, quando encontrei dois filhos meus e suspirei aliviado. Era a oportunidade de voltar na direção do ponto de partida. Foi nessa ocasião que constatei como eu estava longe de casa… Dei uns mergulhos, sentei-me ainda umas três vezes durante o percurso e alquebrado pelo esforço sob o sol do meio dia, enfim cheguei.
Desde ontem estou andando como um pingüim. Duas bolhas enormes na sola do pé me negam um deslocamento equilibrado. Encerrei, antes de começar, a minha atividade de atleta.
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