Nossa importância era tão pequena que só de pensar em chegar perto dos figurões que frequentavam as páginas dos jornais com seus nomes em letras maiores do que os títulos dos escritos, dava um calafrio.
Éramos focas, andarilhos de rua, catadores de notícias, que depois de transformadas em textos, ainda recebiam o copydesk dos redatores para chegarem ao leitor.
Depois da redação, o único espaço que nos cabia era a Fava da 13 de Maio, ou a lanchonete de Zezinho do Botafogo, nesse tempo um rapaz mal saído da condição de garçom para a de dono do pequeno espaço que servia sopa, ovo com cuscuz e notícias do seu Botafogo.
Um dia aconteceu.
Houve a mudança de governo e o novo diretor do jornal oficial convocou os repórteres para uma troca de ideias.
Gonzaga Rodrigues, o monstro sagrado da crônica, porém, não era o bicho papão que todos imaginávamos.
Ao contrário, se apresentou mais ao chão do que o chão que habitávamos, se fez conhecer, procurou conhecer os novos companheiros de trabalho e, ao final, convidou a todos para uma rodada de cerveja com os devidos acompanhamentos.
– Onde tem um bar pra gente beber umas cervejas? -, perguntou.
E eu, prestativo, querendo agradar ao chefe, propus o Cassino da Lagoa.
– Que Cassino que nada, Bastião, eu gosto é de bar podre! -, protestou Gonzaga Rodrigues.
E fomos todos a procura do bar podre de Gonzaga.
1 Comentário
E aí, quando o texto na melhor parte, acabou????
Mostra a continuação.
Deve ter sido boa demais…