Morreu neste sábado o bom Edson, funcionário exemplar da Procuradoria Geral do Estado, uma espécie de faz tudo, gente fina, tão fina que sua morte foi lamentada por todos os procuradores que com ele conviveram.
Fazia tempo, não o via desde quando o tiraram da Procuradoria por mera perseguição política. Mudou o Governo e alguém, querendo agradar ao patrão que chegava, providenciou a degola de Edson, logo de Edson, que não era político, não fazia política e era amigo de todo mundo.
Só não ficou na rua da amargura porque o procurador Gilvandro Guedes o empregou na imobiliária Execut, onde ficou até se aposentar e de quem recebeu assistência e apoio nessa viagem sem volta.
A Procuradoria funcionava naquele prédio do Paraiban da Epitácio que foi interditado pela Justiça do Trabalho sob a alegação de que iria ruir e continua de pé até hoje, mais forte e agora majestoso graças a recuperação que estão fazendo para devolvê-lo aos órgãos estaduais. No subsolo funcionava a garagem e numa sala ficavam os motoristas e alguns procuradores. Dali saíam comentários sobre futebol, namoros proibidos e até visitas noturnas a casas de pecado. Edson galvanizava as atenções contando suas aventuras nas bibocas do baixo Róger.
Mas essas tertúlias aconteciam nos intervalos. Na hora do expediente não havia quem fosse mais pontual e dedicado. Era pau pra toda obra, até retirar gente engasgada no elevador chegou a fazê-lo
Ele descobriu um câncer quando o câncer já o dizimava em silêncio. Lutou com todas as forças, mas não aguentou o tranco. Morreu, seu velório aconteceu no sábado e no sábado o enterraram. Descansou, disseram alguns, que o céu o receba, repetiram outros. Pena que não possa voltar para matar saudades.
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