opinião

O campo progressista da PB e do país precisa mais do que nunca ter maturidade e desprendimento. Caso contrário, pavimentaremos a vitória da direita em 2022

6 de agosto de 2020

 

Por: Aldo Ribeiro – Economista e progressista

Às vezes me pergunto como chegamos até aqui. Um processo de imbecilização do entendimento das coisas, que já custa quase uma década de crise política e econômica. Aqui, a teoria do caos tupiniquim não se iniciou com o bater das asas de uma borboleta, mas por causa de alguns centavos a mais na passagem de ônibus, no já longínquo ano de 2013. Depois ocorreram uma sucessão de fatos, correlatos e articulados, que lá na frente os historiadores hão de relatar de forma justa e correta.

Mas de todos os desvios democráticos, o lavajatismo foi talvez o mais maléfico e prejudicial ao país. Sob o pretexto de combater a corrupção, se transformou num poder paralelo à margem das instituições. Sob o pretexto de combater a corrupção, distorceu a lei de delação premiada. Fez dela instrumento político. Está aí a decisão da 2ª turma do STF sobre a delação do Antônio Palocci. Sob o pretexto de combater a corrupção, colocou na cadeia o principal opositor daquele que viria meses depois ser o presidente do país. Parêntese para um fato importante: não há na condenação do Lula uma única prova dos supostos ilícitos do mesmo. E desafio quem por acaso se dê ao trabalho de procurar, achar as tais provas. Direitos fundamentais foram arrancados sem dó. Condução coercitiva absurda e ao arrepio da lei. Conversas vazadas pelo The Intercept, que nunca foram negadas pelos membros da Lava Jato, que escancaradamente apontavam um conluio imoral entre membros do MP e o ex-juiz Sérgio Moro. O mesmo Sérgio Moro que meses depois virou, acreditem, Ministro da Justiça do principal adversário do Lulopetismo.

Somos uma republiqueta de bananas. Foi provado que o FBI tem interesses escusos e influência direta nos desdobramentos da Lava Jato. Novamente ao arrepio da lei. A Lava Jato conseguiu quebrar a principal atividade econômica do país. Eu trabalhei no Grupo Camargo Corrêa e tenho propriedade pra falar. Vivi todo o processo de destruição de uma empresa que empregava milhares de pessoas. OAS, Queiroz Galvão, Odebrecht, etc. Tudo isso pra reverberar a pirotecnia e a espetacularização na grande mídia. Mais de 38 mil investigados novamente ao arrepio da lei. Marginais. Não respeitam as regras do jogo democrático. Psicopatas. Chegaram num ponto, que não tem mais como frear. Irresponsáveis. Enquanto não houver o pronto reestabelecimento do papel das instituições, continuaremos a ter crises e atos marginais que enfraquecem a democracia, e intensifica injustiças nas várias esferas da sociedade.

Dito isso, não é possível que o campo progressista não caminhe na mesma direção. Não articule uma frente ampla em nome de algo maior: o Estado Democrático de Direito e a defesa das instituições. Aqui na Paraíba, similarmente ao lavajatismo, temos fatos estranhos acontecendo. Há uma disposição clara em destruir a reputação do ex-governador Ricardo Coutinho, que gostem ou não, é a principal liderança do estado e do campo das esquerdas na Paraíba. Gostem ou não, é ainda e a preço de hoje, o político do campo progressista com mais chances de vitória em João Pessoa. Onde estão as provas? Já seguiram o dinheiro? E as quebras de sigilo, que fatos novos revelam? São perguntas até hoje sem respostas. Há uma sucessão de “requentamentos” de fatos já divulgados lá atrás escancaradamente políticos. Outros “requentamentos” virão. Lembram da delação do Palocci citada lá em cima? E a decisão do STF em finalmente dar acesso à defesa do Lula ao acordo de leniência da Odebrecht? Porque somente agora o “lapso” de lucidez do STF?

Não há nesse momento, penso eu, espaço para diferenças. Temos um 2022 logo ali, e 2020 vai dizer muito do que virá acontecer nas eleições presidenciais. Percebam que os possíveis candidatos à presidência da direita, monopolizam os noticiários. A esquerda continua a se comunicar muito mau. Difícil dizer isso, mas Felipe Neto, Reinaldo Azevedo e Alexandre de Moraes, são hoje os principais opositores ao bolsonarismo nas redes e na mídia tradicional. Não capitalizamos o que um Felipe Neto pode nos oferecer. E a guerra mais do que nunca será nas redes.

Conversem, dialoguem, busquem um entendimento. Sei que é uma ilusão pregar que partidarismos nesse momento, suplantem algo maior que o poder pelo poder. Mas é necessário falar. Cartaxo, Ricardo, PT, PC do B, e todos os outros: aparem as arestas. Estamos numa guerra em que a direita é quem direciona aonde e com quem quer guerrear. Isso é péssimo. Uma frente ampla tornou-se uma necessidade maior do que as picuinhas menores.

Pensem nisso.

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