Numa boca de noite de meio de semana o Cancão agitou-se com o espetáculo dos primos sendo transportados para o hospital. Tinham os buchos furados a faca por Paulo de João Braz durante confronto na Sinuca de Aloisio Maraba.
Gusto e Chiquinho confiaram na força numérica de dois contra um e desafiaram Paulo, um mulato forte, com fama de valente. Ninguém sabe os motivos,aliás, motivos não contavam para se iniciar uma briga na terra de homens acostumados a trocar tiros com polícia e cangaceiro e a amarrar as camisas para, na faca, se furarem até a morte.
O que se tem de concreto mesmo é que naquela noite a sinuca de Aloisio fechou mais cedo para que o chão, cheio de sangue, fosse lavado.
Cidade de pouca diversão, de motor da luz com hora para desligar, as únicas diversões disponíveis eram as salas dos jogos de cartas, a sinuca e o cabaré.
Em dias de semana, pior ainda. A cidade se deitava mais cedo, ficando nas ruas apenas as almas regadas ao álcool de Vitória de Santo Antão e algum amante a cata de um amor proibido.
Os primos discutiram com Paulo Braz no meio de uma partida, partiram para ele cada um com seu taco de sinuca. Paulo se fez na faca, furou os dois e escapou ileso.
A notícia chegou com alarde na Rua do Cancão, onde os três moravam. Gusto e Chiquim mais para o final da rua, já perto do acesso aos tanques de Joaquim Mariano.
Só que entre uma e outra casa morava Seu João, avô dos feridos.
Que, ao saber do fato e identificar o agressor, armou-se com uma foice e invadiu a casa onde Paulo morava com os pais.
Na hora da invasão, somente dona Toinha, a mãe do procurado, se encontrava no interior da casa. E Seu João, para não perder a viagem, abriu ao meio a cabeça da mulher com uma foiçada.
Os meninos de olhos espantados viram quando a mulher foi levada para o hospital com o sangue descendo da lascadura.
Graças aos bons médicos da cidade – Zezito Sérgio e Severiano Diniz -, ninguém morreu. Mas escaparam, como dizia Zezito Pustema engolindo sua lapada de Altiva no pé do balcão de Zé Alvelino,fedendo.
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