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O celular do Cabo Irineu

13 de julho de 2021

Ilustração

Miguel Lucena*

O Cabo Irineu entrou na loja da Samsung, no Brasília Shopping, todo esbaforido, com o celular esbagaçado na mão.

– Miséria! É o terceiro telefone que eu quebro este ano.
Ele contou que recebeu o salário, pagou a conta no Bar dos Cunhados, na Asa Norte, e bebeu sem pena, aliviado porque só teria de pagar a nova conta do boteco daqui a um mês.
Tirou retrato de tiragosto, fez selfie segurando Skinkariol, torceu para a Inglaterra e depois para a Itália, esqueceu a saideira no balcão e foi embora. Na hora de entrar no carro, o celular caiu do bolso e Irineu não viu, passando por cima do aparelho ao dar ré.
Foi à loja atrás de outro celular igual ao quebrado, para a esposa não notar o acidente e passar o ano reclamando de bebida.
Quando foi pagar, o cartão não passou.

– Tá doido, é? Recebi dinheiro sexta. Não é possível!

– Há um bloqueio na função débito e não funciona o crédito – ponderou o vendedor.

– Vou mostrar que tenho dinheiro na conta! – protestou Irineu, indo ao caixa eletrônico em frente à loja.
Em vez de sacar R$ 1.300, sacou R$ 1.800 e jogou em cima do balcão.

– Olhe aí!
Depois da venda, quando Irineu deu as costas, o vendedor, maldoso, comentou:

– Lascou-se no cheque especial

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