opinião

O CENTENÁRIO DA ESTAÇÃO

19 de janeiro de 2025

RAMALHO LEITE

Quando o ministro da Viação e Obras Públicas de Epitácio Pessoa mandou
publicar no Diário Oficial de 30 de janeiro de 1920 a nomeação do
engenheiro João Botinas para engenheiro chefe das obras ferroviárias entre
Independência e Picuhy, na Parahyba do Norte, era a certeza de que o
presidente Solon de Lucena fora ouvido. Teriam prosseguimento as obras
ferroviárias, agora arroladas nas Obras Contra as Secas, incluindo o Túnel
da Serra da Viração.
O presidente Solon, para contrariar seu cunhado Celso Cirne, ex-deputado
e genro do comendador Felinto Rocha (maior coronel da região) que fizera
um projeto para o trem chegar na Vila de Moreno (Solânea) sem passar por
Bananeiras, proclamou: “O trem chegará a Bananeiras, nem que seja por
debaixo da terra”.
O jornal O Norte, de 25 de outubro de 1922 nos fornece a certidão das
promessas cumpridas: Alvaro Carvalho, secretário de Estado e
representando o Presidente chega a Borborema no comboio puxado pela
locomotiva 197 da Great Western para o inaugurar o trecho ferroviário
entre Borborema e a Boca do Túnel em construção. Desde 1913 que Boa
Vista (Borborema) era a parada final do trem que antes de chegar ao
povoado bananeirense passava pelo túnel da Serra da Samambaia, o
primeiro a ser construída na Paraíba e que, curiosamente, faz uma curva no
seu percurso.
A estação de Bananeiras em 1922 já estava praticamente pronta. Faltava a
conclusão do túnel da Viração, para ser liberado o acesso ao trem de
passageiros. A União de 27 de julho de 1923 noticiou que o túnel já estava
concluído e por ele passara a primeira locomotiva para alegria do
presidente Solon, que recebeu a noticia com grande satisfação, relata o
jornal. Finalmente, em 30 de julho de 1925 a estação de Bananeiras foi
oficialmente inaugurada e o povo pode ver “o gigante de ferro soltando
fumaça pelas ventas”. As atividades do transporte de passageiros e cargas
pelo trem, durou até 1967, quando o ministro Juarez Távora convenceu o
presidente Castelo Branco a desativar os “ramais ferroviários deficitários.

Para substituir a ferrovia surgiria uma rodovia asfaltada, compensando a
ausência do trem. Todavia, a rodovia foi desviada para Rua
Nova/Bananeiras, por onde nunca passou o trem. E Borborema perdeu o
trem e ficou isolada. Nem estrada de ferro nem asfaltada. Só de barro. O
governador José Maranhão ligou aquela estrada a Borborema tirando-a do
isolamento. Faltava a sua ligação antiga, com Pirpirituba e Guarabira, por
onde passava o trem.
Com alegria vejo na relação da obras a serem construídas pelo governador
João Azevedo, o trecho rodoviário entre Pirpirituba, Cachoeira do Roncador
e Borborema. Meu pai deve ter se mexido no túmulo. Depois de quase
sessenta anos, o protesto do prefeito Arlindo Ramalho foi ouvido. Sua voz
já apagada se junta à minha, como deputado e filho da terra, à luta da exprefeita Gilene Candido e a do atual prefeito José Amancio e seus
representantes no legislativo onde se inclui o deputado/secretario Wilson
Filho. Ao projetar realizar essa obra, o governador João Azevedo corrige
uma injustiça perpetrada contra o povo de Borborema e restaura o caminho da ferrovia que fora fechada pela incompetência de muitos.

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