O jornal O Estado de Minas publicou, em sua edição de 24 de julho de 2013:
Morre Candeeiro, último cangaceiro de Lampião
RECIFE – Último integrante do bando de Virgulino Ferreira, o cangaceiro Lampião, Manoel Dantas Loyola, de 97 anos, morreu nesta quarta-feira no município sertanejo de Arcoverde, a 259 quilômetros de Recife. Ele estava internado no Hospital Memorial Arcoverde, naquela cidade, desde a semana passada, depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral. O sepultamento aconteceu em Buíque, onde nasceu Candeeiro, como o cangaceiro era conhecido e citado em livros sobre aquele movimento social que agitou os sertões do final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX.
Manoel Dantas se tornou cangaceiro por acaso. Deparou-se com o grupo de Lampião na fazenda onde trabalhava, em Alagoas. Pouco tempo depois a fazenda foi cercada por uma volante e Manoel, por achar mais seguro, fugiu com os bandidos.
Logo no primeiro combate foi ferido na coxa. O buraco da bala foi fechado com farinha e pimenta.
Durante a convalescença, ficou sabendo , pelo próprio Lampião, que um conterrâneo seu fora cangaceiro muito valente, da confiança do chefe, o famoso Jararaca.
Durante os dois anos que passou no bando, sua função era a de levar as cartas do chefe aos fazendeiros e comerciantes solicitando dinheiro.
Sua intimidade com Lampião era tão grande que despertava ciúmes em Maria Bonita.
Não que houvesse alguma coisa entre os dois. Ambos eram machos e gostavam de mulheres. É que Lampião depositava desmedida confiança no seu subordinado.
Na semana da morte de Lampião, em Angicos, o Capitão lhe confidenciou que estava cansado e disposto a abandonar a vida de cangaceiro.
Foi assim que ele narrou, em entrevista à imprensa, o último dia de Lampião e seu bando:
“No dia do ataque, já estava acordado e me preparava para urinar quando começou o tiroteio.Desci atirando, foi bala como o diabo. Mesmo ferido no braço direito, consegui escapar do cerco. Dias depois, com a promessa de não ser morto, entreguei-me em Jeremoabo, na Bahia, com o braço na tipóia. Comigo, mais 16 cangaceiros.”
Cumprindo dois anos na prisão, o Candeeiro dava novamente lugar ao cidadão Manoel Dantas Loyola. Sobre a época do cangaço, costumava dizer que foi “história de sofrimento”.
No final da vida, atuava como comerciante aposentado na vila São Domingos, distrito de sua cidade natal. Atendia pelo nome de batismo, Manoel Dantas Loyola, ou por outro apelido: seu Né.
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