Seu Adolfo tinha apenas 9 anos quando viu Lampião parar seu avô na estrada entre Brejo da Brasida e Irecê, na Bahia, para “tomar emprestado” o carregamento de farinha e rapadura sob sua responsabilidade. Seu Ioio, como era conhecido, enfrentou o cangaceiro e se atreveu a dizer que não o atenderia.
Bem, o resto do acontecido quem vai contar é o filho de Adolfo e neto de Ioio, o advogado Gilberto Carneiro da Gama, que ouviu a história contada pelo pai e cumpre o papel de repassa-la para as gerações mais novas:
“Meu pai era muito jovem, tinha apenas 10 anos de idade, quando o fato aconteceu. Apesar da sua juventude, à época, guardou na memória todos os detalhes daquele intrigante encontro.
Era um fim de tarde de verão no sertão causticante da Bahia. Meu saudoso pai, mister Adolfo, que Deus o tenha, estava acompanhando meu avô Sr. Eurico Gama, popularmente conhecido como IOIO. Conduziam uma tropa de burros carregados de farinha e rapadura deslocando-se da cidade de Irecê em direção ao povoado do Brejo da Brasida. O ano era 1936. Meu avô era comerciante de rapadura e farinha.
Em meio à caatinga, de repente, deram de cara com Virgulino Ferreira – o Lampião e seu bando. Lampião determinou que todos apeassem dos burros e disse que levaria a mercadoria “emprestada”. Meu avô, homem destemido e corajoso confrontou o rei do Cangaço. – “Não posso deixar que leve essas mercadorias, são alheias, só estou transportando”. Lampião o encarou e lhe apontou o winchester. Meu pai, uma criança, à época, temeu pela morte de seu pai e o abraçou. Então Lampião determinou que um dos seus comparsas afastassem o menino. Lampião desceu da sua montaria e arrodeou meu avô, e ficou, conforme contava meu pai, vistoriando a vestimenta de meu avô, que sempre andava de paletó, mesmo no sol escaldante do sertão baiano. Então o puxou pelo braço e o levou até atrás de uns arbustos: Meu pai, imobilizado pelas mãos de um dos comparsas de Lampião, teve então a certeza que o cangaceiro iria matar meu avô.
Passados alguns instantes os dois reaparecem e a cena que meu pai diz ter visto e costumava contar tendo surtos de risos: Lampião estava vestido com a camisa e o paletó do meu avô e meu avô, por sua vez, vestido com o colete de couro puído, o embornal e o lenço de seda de Lampião.
E o bando foi embora sem levar as mercadorias de meu avô. “
5 Comentários
Boa noite!!!
Desejaria, se possível, o número do WhatsApp do blog para enviar um vídeo sobre Canhoto da Paraíba.
Agradeço.
Grande abraço.
91296397
Grato pela postagem do whatsapp.
Tu achas que alguém de sã consciencia vai acreditar numa conversa dessa ? Rapaz, toma tento. Lampião junto com seus jagunços, todos na caatinga, com fome, encontrando um carregamento de rapadura e farinha tendo como condutores apenas um homem e uma criança iria apenas trocar de roupa com o cidadão e ficar dançando e cantando olê mulher rendeira no meio da estrada ?
Pois eu acredito!
Lampião era um cara vaidoso. Depedendo do destino dele, tudo poderia ser possível
Mas quem é o outro cangaceiro que aparece na foto? Seria um chamado Corisco?