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O DIA EM QUE SEU ADOLFO QUASE PERDIA SEU IOIO PRA LAMPIÃO

4 de agosto de 2020

Seu Adolfo tinha apenas 9 anos quando viu Lampião parar seu avô na estrada entre Brejo da Brasida e Irecê, na Bahia, para “tomar emprestado” o carregamento de farinha e rapadura sob sua responsabilidade. Seu Ioio, como era conhecido, enfrentou o cangaceiro e se atreveu a dizer que não o atenderia.

Bem, o resto do acontecido quem vai contar é o filho de Adolfo e neto de Ioio, o advogado Gilberto Carneiro da Gama, que ouviu a história contada pelo pai e cumpre o papel de repassa-la para as gerações mais novas:

“Meu pai era muito jovem, tinha apenas 10 anos de idade, quando o fato aconteceu. Apesar da sua juventude, à época, guardou na memória todos os detalhes daquele intrigante encontro. 

 Era um fim de tarde de verão no sertão causticante da Bahia. Meu saudoso pai, mister Adolfo, que Deus o tenha, estava acompanhando meu avô Sr. Eurico Gama, popularmente conhecido como IOIO. Conduziam uma tropa de burros carregados de farinha e rapadura deslocando-se da cidade de Irecê em direção ao povoado do Brejo da Brasida. O ano era 1936. Meu avô era comerciante de rapadura e farinha. 

 Em meio à caatinga, de repente, deram de cara com Virgulino Ferreira – o Lampião e seu bando. Lampião determinou que todos apeassem dos burros e disse que levaria a mercadoria “emprestada”.  Meu avô, homem destemido e corajoso confrontou o rei do Cangaço. – “Não posso deixar que leve essas mercadorias, são alheias, só estou transportando”. Lampião o encarou e lhe apontou o winchester.  Meu pai, uma criança, à época, temeu pela morte de seu pai e o abraçou. Então Lampião determinou que um dos seus comparsas afastassem o menino. Lampião desceu da sua montaria e arrodeou meu avô, e ficou, conforme contava meu pai, vistoriando a vestimenta de meu avô, que sempre andava de paletó, mesmo no sol escaldante do sertão baiano. Então o puxou pelo braço e o levou até atrás de uns arbustos: Meu pai, imobilizado pelas mãos de um dos comparsas de Lampião, teve então a certeza que o cangaceiro iria matar meu avô. 

 Passados alguns instantes os dois reaparecem e a cena que meu pai diz ter visto e costumava contar tendo surtos de risos: Lampião estava vestido com a camisa e o paletó do meu avô e meu avô, por sua vez, vestido com o colete de couro puído, o embornal e o lenço de seda   de Lampião.  

 E o bando foi embora sem levar as mercadorias de meu avô. “

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5 Comentários

  • Reply wergniaud breckenfeld 4 de agosto de 2020 at 22:44

    Boa noite!!!
    Desejaria, se possível, o número do WhatsApp do blog para enviar um vídeo sobre Canhoto da Paraíba.
    Agradeço.
    Grande abraço.

    • Reply Sebastião 5 de agosto de 2020 at 06:24

      91296397

    • Reply wergniaud breckenfeld 6 de agosto de 2020 at 16:22

      Grato pela postagem do whatsapp.

  • Reply Cabo Arnaldo 5 de agosto de 2020 at 09:27

    Tu achas que alguém de sã consciencia vai acreditar numa conversa dessa ? Rapaz, toma tento. Lampião junto com seus jagunços, todos na caatinga, com fome, encontrando um carregamento de rapadura e farinha tendo como condutores apenas um homem e uma criança iria apenas trocar de roupa com o cidadão e ficar dançando e cantando olê mulher rendeira no meio da estrada ?

    • Reply Angela 5 de agosto de 2020 at 12:40

      Pois eu acredito!
      Lampião era um cara vaidoso. Depedendo do destino dele, tudo poderia ser possível

      Mas quem é o outro cangaceiro que aparece na foto? Seria um chamado Corisco?

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