Memórias

O dia em que fiquei frente a frente com o perigoso Amarelo da Rua do Rio

1 de junho de 2021

Eu comprava carne bode a um sarará na Feira de Oitizeiro  e sempre olhava desconfiado para uma barraca que também vendia carne de bode ao lado da barraca do sarará. Os donos dessa barraca eram mal encarados, tinham olhos de japonês, caras de índios e cabelos lisos, caindo nas testas.

Os identificava como os famosos Amarelos da Rua do Rio, matadores de gente e apontados pela crônica policial como os mais perigosos seres humanos da região sul da cidade.

De tão desconfiado, passava por eles sem responder aos apelos: – Bode novinho, doutor, vai querer?

O danado é que eles me acompanhavam noutras feiras.

Estavam em Oitizeiro, mas também os via na Feira de Jaguaribe, nas quartas, na do Bairro dos Estados, aos sábados e na Torre, também nos dias de sábado.

Até que chegou aquele domingo.

Primeiro passei na barraca do cuscuz, forrei as tripas com bode (pra variar) e o amarelinho de milho, e fui atrás do sarará para comprar o quarto de bode traseiro que sempre comprava toda semana.

– Bodinho novo, doutor ! -, ofereceu o mais jovem dos que eu evitava até olhar. Não dei cartaz. Me acheguei à banca do sarará, pedi meu quarto traseiro de bode e, como estivesse incomodado com a insistência do vizinho, comentei pra ele:

– Aqueles ali ficam querendo me empurrar o bode deles. Não compro. Não gosto desses amarelos de Cruz das Armas.

O sarará me olhou com ar de riso e me corrigiu:

– Os amarelos sou eu, doutor, aqueles ali são quase pretos.

Não desmaiei na hora, porém nunca mais comprei bode em Oitizeiro.

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3 Comentários

  • Reply Adenilson 1 de junho de 2021 at 14:38

    Kkkkkkkkkkkkk, moro em oitizeiro.

  • Reply Sérgio Sena 1 de junho de 2021 at 20:44

    kkkkkkk batida do pino da gota

  • Reply Oscar 1 de junho de 2021 at 21:40

    Escapou fedendo. Não volte lá. Ele poderá te reconhecer. Está vivo para contar a estória !!!

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