O diabo é quem confia

O problema de ser antigo é saber que filmes agora exibidos não passam de reprises inesquecíveis.

E olhem que não sou tão antigo assim.

Venho de 75, dos tempos de Ivan Bichara Sobreira.

O então sobrinho afim de Zé Américo era forte. Tinha com ele uma bancada de fazer gosto. Tanto tinha que elegeu Burity no colégio eleitoral contra um Antonio Mariz bom de urna e um João Agripino campeão de eleições.

Mas um dia Ivan precisou testar a lealdade desse povo. Candidatou-se ao Senado e perdeu. Perdeu pra Humberto Lucena, eleito e para Bosco Barreto, que ficou na primeira suplência e fez a campanha tomando cana no Bar de Dona Chiquinha.

A quem debitar a derrota? Claro que aos seus “fiéis” deputados, que quando viram o barco com o casco furado desembarcaram da campanha de Ivan e votaram em peso em Humberto e em Bosco.

Vamos mais pra frente.

Quem lembra de Wilson Braga?

Em 82 ele deu um banho de votos em Antonio Mariz. Ganhou e ganhou bonito. E fez a mais fiel e amiga bancada de deputados.

Braga seria o Ó do Borogodó a partir daquela vitória acachapante.

Mas quatro anos depois, Burity e o PMDB deram-lhe uma surra de votos. E Wilson, que deixara o Governo com Milton Cabral para disputar o Senado, perdeu para o desconhecido vendedor de carros Raimundo Lira.

Quatro anos se passaram e o até então imbatível Burity não conseguiu emplacar seu candidato, João Agripino Neto.Ronaldo Cunha Lima ganhou. E de quem? De Wilson Braga, que perdeu mais uma e mais uma vez ficou sem os escudeiros que, no seu governo, viviam a balançar-lhe os vistosos ovos.

Ronaldo teve sorte. Fez o sucessor sem precisar de muito esforço. Mariz, porém, morreu sem terminar o mandato e quem o substituiu, José Maranhão, de logo brigou com os Cunha Lima e para garantir a posse do diretório do PMDB teve que levar a “fiel” bancada para o isolamento total num hotel de Natal.

O próprio Maranhão foi trocado por Cássio, que foi trocado por Ricardo Coutinho. E Ricardo Coutinho acabou de ser trocado pelo nome da vez.

Daí…