1berto de Almeida
Não sou muito de definições. Sou o tipo daquele cara que diz o que pensa mas pensa antes de dizer. Deve ser a regra. Sem esse S (leia-se “sem exceção”). Mas segundo o que dizem por aí o estilo é a forma de cada um contar a sua história. E se não for isso acredito que tenha chegado próximo. Costumo dizer que o estilo é o salário. Mesmo sabendo que muitos gastam o salário e não conseguem um estilo. Pausa. Não acho que tenha estilo. Escrevo todos os dias me perguntando como é que consegui viver sem um estilo que identificasse as minhas mal-traçadas. Tião Lucena tem o seu e Paulo Mariano tinha um. Aldo Lopes é o estilo que muitos gostariam de ter. Eu por exemplo. Outro dia li por aí. Um sujeito sem estilo escreveu que Tião Lucena não sabia escrever. Não fiquei no sorriso. Fui até à gargalhada. Acreditando no que disse o sem estilo confesso de peito aberto e saco cheio desse vazio que passei do cinquenta enganado com as coisas que leio e gosto desse princesense. Tião não somente escreve. Ele vai além. Escreve e muito bem para este MB e outros muitos leitores seus. Leio Tião como se tivesse descendo a ladeira do Varjão numa bicicleta calibrada e a favor do vento. Tião não somente escreve como fala. Ele escreve e dá (assim mesmo) o que falar de bem sobre o seu escrito. Eu que nada devo a ele – a não ser o prazer da leitura de suas coisas e causos – somente posso pagar com o nada que ele me deve. Assim estamos quites: fica tudo fiado ou de grança
2 Comentários
Concordo com 1berto. Comparo Tião como um poeta. Quando está inspirado, as palavras fluem normalmente formando versos. Tião quando está em estado de graça é um grande escritor, mas normalmente só escreve fuxicadas de Princesa, peiticas, futricas e agrados ao seu eterno chefe. Aliás faz muito bem como forma de gratidão. Digamos que Tião é um bom menino. Obediente.
Grande 1 berto. Assino embaixo a lápis, a fio de bigode, carvão ou giz. Já está no tempo de uma editora encomendar a um estudioso da literatura brasileira uma antologia dos textos de Tiao Lucena. Falo especialmente daqueles escritos aos quais você alude, aqueles de guidão solto e cabelo ao vento descendo a ladeira da rua da avenida rumo ao açude da pichilinga, rumo à infância extraviada.