A Rua da Lapa era um mistério para o menino que ainda não conhecera mulher. Entrara nela pela primeira vez e a visão das mulheres sentadas com as coxas à mostra, causaram-lhe vertigens. As mulheres notaram e fizeram troça. Chamaram o rapaz para uns agrados e ele correu.
Coisa parecida lhe acontecera semanas antes, no cinema. O banco comprido do cinema o aproximara das pernas de Marina, a morena mais bonita do lugar. E Marina, caridosa, permitiu que ele colocasse a mão na sua coxa. O filme inteiro ali, a mão na coxa, o olho na tela e o coração pipocando.
Seguiu-se uma semana inteira de delírios na solidão dos matos.
O velho pai notou o amarelão, a magreza, a falta de apetite, a moleza do corpo e levou-o aos cuidados do médico amigo, Dr. Severiano.
-Miguel, arruma logo uma mulher pra tirar o selo desse menino, senão ele se acaba na punheta!”.
E não receitou nenhum remédio de farmácia.
Agora ele estava a correr das mulheres que se ofereciam para tirar o seu selo, a sua virgindade.
Timidez é coisa que só se acaba depois da primeira experiência.
Os meninos eram inocentes nos ermos do sertão.
Eles, quando muito, se atreviam a namorar as jumentas do lugar.
Estas aceitavam o assédio e não reclamavam.
Se bem que, de vez em quando, retribuíssem os carinhos com um potente coice.
Até que aconteceu o milagre.
Ritinha chorava as saudades de Zé Birrim. E, na impossibilidade de ter o amado alvo de suas lágrimas, contentou-se com o cunhado.
E tirou dele o que havia de timidez e inocência.
Ensinou-lhe tudo. Inclusive o pecado.
E quando desfalecia de gozo nos seus braços, gritava sempre, revirando os olhos:
-Cadê tu, meu Birrim?
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