Por GILBERTO CARNEIRO
CERTA vez alguém me disse que é muito difícil saber a dosagem que deve se aplicar no comportamento cotidiano em nossos relacionamentos com outros seres humanos: – “se você é frio, você machuca as pessoas, se você é sensível, as pessoas te machucam”. Na sua lógica, com o tempo aprende-se a ser igual ao fogo, – “aqueço quem precisa e queimo quem merece”, vaticina.
Então vamos à reflexão sobre como ser capaz de discernir quando é apropriado ser sensível e quando é necessário ser firme na busca por manter um equilíbrio saudável nas relações interpessoais. Entender quando mostrar compaixão e quando estabelecer limites pode ser uma habilidade valiosa para cultivar relacionamentos saudáveis e manter o bem-estar pessoal. É uma balança delicada, mas encontrar esse equilíbrio pode promover conexões significativas e nos proteger contra situações prejudiciais.
A compaixão é a capacidade humana de compartilhar os sentimentos alheios – principalmente o sofrimento, a dor vivenciada pelas outras pessoas, não a nossa. Vivemos em um mundo em que a vida atual é um desafio frenético a todas as mentes praticantes da paixão. Como, então, viver em um mundo doloroso sem cair no desespero e sem desistir da luta? qual deve ser o nosso comportamento e postura diante de fatos tão chocantes ante a constatação inequívoca que a onipresença da miséria humana faz da compaixão uma virtude potencialmente paralisante? Assim, ao pensar no drama das criancinhas mortas na Faixa de Gaza ou na quantidade de pessoas que passam fome no Brasil, você chega à conclusão que a existência humana é apenas sofrimento e desgraça. E o sofrimento não afetará apenas você, mas sua família e amigos. Logo, a compaixão terá resvalado pelas barrancas do traiçoeiro rio da dor, deixando que o sofrimento vença o duelo. No entanto, renunciar à piedade seria amputar uma parte importante do que nos faz humanos.
Por outro viés, quando nos tornamos como o fogo podemos aprender a direcionar nossa energia de maneira assertiva, proporcionando calor e apoio quando necessário, mas também protegendo nossos limites e nos defendendo ao enfrentarmos situações desafiadoras. Essa abordagem nos ajuda a navegar pelas complexidades das interações humanas com sabedoria e discernimento. Ao adotar a mentalidade do fogo, também cultivamos a capacidade de transformar adversidades em oportunidades de crescimento. Assim como o fogo purifica e renova, podemos aprender a encontrar força e resiliência em meio aos desafios da vida, permitindo-nos emergir mais fortes e mais sábios. As vezes fazer-se de morto é uma estratégia para deixar o inimigo à vontade, fazendo-o sentir-se poderoso e imbatível. É quando baixará a guardar e você terá a oportunidade de golpeá-lo pelo flanco descoberto.
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