Num Dia do Sexo, como o de hoje, pessoas ilustres de famosa cidade sertaneja se reuniram num motel da cidade para comemorar. Mas a comemoração terminou numa quase tragédia.
Foi em 2004, num comecinho de setembro, o mês onde o grosso entra.
Antes de mais nada, boto a culpa no progresso que levou o motel para as pequenas comunidades interioranas.
Antes, como era comum nas pequenas cidades, os casais faziam amor à vontade, em campo aberto, sem serem molestados, ou melhor dizendo, molestados minimamente, pois os únicos inconvenientes que enfrentavam eram esparsas ferroadas de ciumentas muriçocas ou o amasso incômodo e fedorento em algum coliforme fecal displicentemente depositado debaixo do juazeiro do amor.
Vieram os motéis e os aplausos do distinto público. Agora é que a coisa ficava chique. Coisar recebendo a brisa do ar condicionado, tendo a geladeira ao alcance da mão e o vídeo erótico/pornô ao alcance das vistas era mais do que bom, era ótimo, arretado.
Porém, todavia e contudo, motel, que era coisa segura aqui e em alhures, virou ponto de visita de assaltantes. O sujeito entra lá vestido e sai nu com a mão no bolso, correndo o risco de ser fotografado e estampado nos jornais, coisa muito ruim para quem é casado e não quer ver seus pulos divulgados por aí.
Na tal cidade não foi diferente. Ladrão safado, atrevido e metido a valente invadiu as dependências do motel de lá, rendeu o porteiro e se dispôs a fazer a limpeza nos apartamentos. Brabo feito um touro de chifres, ordenou para começo de conversa:
-Vamos começar por essa tal suíte presidencial.
O porteiro perdeu a cor, ficou branco, tremendo, as pernas tocando tarol e, quase chorando, implorou:
-Tudo, menos isso. Pode levar o motel na cabeça, o dinheiro, coma meu rabo se quiser, mas a suíte presidencial não.
Claro que qualquer um ficaria curioso em descobrir o que se escondia ali dentro. E o ladrão ficou. Ficou e enfiando o cano do trinta e oito no queixo do pobre porteiro, determinou:
-Abra essa merda logo senão morre.
Sem ter outro jeito, o porteiro abriu gritando:
-É assalto!
O que se viu em seguida não pode ser descrito por mim, pobre escriba provinciano, mas por alguém mais gabaritado na arte de falar teclando o computador. Esforçar-me-ei, porém.
Tão logo ecoou o grito, de dentro da suíte começou a sair mulher pelada de várias cores e tamanhos. Mulher de médico, de advogado, de político, de fazendeiro, de comerciante, de soldado de polícia, todas correndo, nuas como Eva era no tempo do paraíso, subindo o muro do motel, se enganchando nos arames farpados, pedindo socorro e chamando pelos maridos. E atrás delas corriam homens novos e velhos, buchudos e atléticos, rostos conhecidos e famosos na cidade.
Os nomes deles e delas não fui autorizado a citar aqui. Mas a relação está sob a guarda de conhecido comunicador do Serviço de Alto Falantes a Voz do Povo.
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