O gato

 

MARCOS PIRES

Quem conta é  Wolgrand, lá de Patos, via Paulo Fernando. Diz ele que um casal comprou uma casa antiga com tudo que havia dentro; camas, mesas, sofá, cadeiras… até as toalhas e os lençóis entraram no negócio, e mais um gato que teimou em não sair da casa. Desde o início a esposa cismou com o felino, e não aguentou mais quando um belo dia encontrou no sofá um monte de número 2 (se é que vocês me entendem) produzido pelo gato.

Coube ao marido despejar o gato, mas quem disse que ele conseguia? Deixou o gato no campo de futebol e o gato voltou. Deixou o gato seguidamente na rua do Prado, na rodoviária, no hotel JK e o danado sempre voltava para casa. A coisa ficou séria. Para ele era um desafio e cabra macho não se desmoraliza, principalmente por um gato.

Meteu o animal num saco, saiu de Patos e foi abandonar o gato em Piancó. Quando voltou e entrou na casa, o bichano já estava esparramado no sofá.

Não era somente a implicância da mulher (que inclusive já “fechara o balaio” até que o gato sumisse) que o chateava. Era se olhar no espelho de manhã cedo e se sentir um rato, dominado por um gato.

Tomou uma decisão radical. No sábado rumou para João Pessoa com o gato aconchegado num saco dentro da mala do automóvel. Aqui chegando, rumou para a praia do sol e ante aquele espetáculo de belas mulheres e um mar esverdeado, resolveu tomar uma cerveja. E mais e tanto mais que embriagou-se. Por fim, decidiu abrir a mala e soltar o gato, mas o infeliz já havia escapulido. Então ele tomou mais umas dez cervejas e finalmente entrou no carro a fim de voltar para casa.

Só que, embriagado como estava, quem disse que ele achava o caminho de volta?

Depois de pelejar por mais de uma hora sem qualquer sucesso, teve a mais brilhante ideia que um bêbado já teve até hoje. Ligou para casa e quem atendeu foi a esposa.

– Minha linda, estou completamente perdido. Me faça um favor, bote esse danado desse gato no telefone “mode” ele ensinar o caminho de volta!