opinião

O Gol é o Pio do Povo!

4 de abril de 2021

 

1BERTO DE ALMEIDA

 

– Em casa. Recluso. Às vezes ansioso. Poucas. Outras puto com esse forçado enclausuramento. Os amigos enviam-me notícias do lado de lá. Contam histórias. Piadas. Causos e coisas. Essa aconteceu por aqui mesmo.  Contam, mas não dão  nomes aos bois (bezerros mamadores).  O papo se deu entre dois conhecidos políticos nossos. Se eu sorri? Leiam. Mas depois me digam se eu poderia continuar sério, sem botar da barriga para fora todo o meu bom humor.

 

Político um

 

– Alô, colega, vou fazer uma suruba aqui em casa dá melhor qualidade. Tá afim de vir?

 

Político dois

 

– Que legal! Quantas pessoas vão?!

 

– Político um

 

– Se você trouxer sua mulher, são três!

 

Cai o pano. 

Não tem jeito, a maldade dessa gente é uma alma. E brincalhona. Nóis sofri, mas nóis goza.

 

– Se tenho andado ausente? De tudo. Ando com um medo da gota serena dessa mulher que está contaminando esse mundo e meio.  E dessa vez não é de blenorragia, como nos velhos tempos. Infelizmente. A Dona Covid parece que voltou com a fome de anteontem. CUidado! Se antes o CUidado era com a Aids, agora tenha com ele e o resto do corpo.

 

# – Perguntam-me  o que tenho feito nesse ano covidal. Fiz e continuo fazendo o que todo mundo de bom senso está fazendo: regando a “plantaoCU” em casa. Tudo, porém, sem tirar o rosto da janela. Mas peraí: E com máscara.

 

– Os amigos mais próximos e hoje mais distantes do que nunca, um metro e meio, no mínimo, mandam imeios querendo saber o que faço para passar o tempo. Simples, respondo-lhes, adianto o relógio. Afinal, ainda falta muito para a minha segunda dose.

 

 – Por onde os amigos andam ou correm e se escondem? Hildeberto Barbosa Filho, João de Brito, W.S. Solha, Guy Joseph, Oswaldo Travassos, Márcio Roberto Soares, Tonka, Edísio Souto, Gil de Rosa, Quelyno Sousa, Ivan Cineminha… Tião Lucena? Esse deve estar na sua Bananeiras, para onde em breve também irei.   Ah, e o ex-delegado Aldo Lopes de Araújo, agora aposentado e com idade da primeira dose, em que livro se esconde?

 

# -Depois que tomei a primeira dose – não tomei mais dose alguma, o meu  cachorro continua preso na garrafa –, comprar vacina não tem mais graça. Sobretudo (palavrinha feia da gota serena!) agora que os empresários e banqueiros, com o nosso dinheiro, é bom não esquecer, compraram as suas, tomaram nos braços, e só quem tomou na bunda, se tomou, foi a falsa e pobre enfermeira.

 

# – A pandemia me levou a (re) ler um cara por aqui ainda muito desconhecido, chamado Thomas Hardy. O cara escrevia e não era pouco. Mas depois do seu “Judas, o obscuro”, não suportando as críticas, todas botando para lascar, revoltado   com Deus no céu e muito puto com os críticos cá na terra, disse que nunca mais escreveria outro romance. Se cumpriu a promessa ? Não tenha dúvida: morreu poeta.

 

# – Todas as vezes que passo pelo bairro do Cristo, ali na rua São Judas Tadeu, nem fazendo promessa a esse santo das “causas impossíveis” o nosso bom (até agora é mesmo, votei nele) prefeito Cicero Lucena manda – isso mesmo “manda” –  o proprietário desse se encarregar de varrer o seu – do terreno – lixo para debaixo do próprio tapete, ou nos pagar para limpá-lo. O povo, sim, o povo.  Uma vergonha! É o particular sendo mantido pelo coletivo, seja esse fazendo a Rua do Rio ou Tambaú (risos).

 

# – Terminou nosso horário eleitoral de graça – o passado foi meio sem graça –, mas o da nossa Rede Globo Tupiniquim, a Cabo Branco, continua. Nessa terça-feira, acreditem, morri de tanto sorri e ressuscitei gargalhando com a matéria–   sei que é falta de assunto – sobre a opção do motorista em estacionar o seu carro à sombra de uma árvore, ou sob o sol de mais de trinta graus.  A mesma coisa que perguntar se você com o rabo pegando fogo corre para um forno de padaria – seria massa! –, ou para o chuveiro mais próximo.  Meu Deus!

 

– Em casa, como disse no comecinho dessas, apesar das porradas diárias, via televisão ou vendo outras coisas, tudo sem tirar o rosto da janela, lembro vez em quando dos amigos que que esse mal que veio da China – a Covid! a Covid!  – levou, sem que eles tivessem tempo de pegar os seus chapéus no cabide da vida. Se dói? Ainda está doendo. E muito.  Se chorei? Não. Segundo o bardo Shakespeare, chorar é diminuir a profundidade da dor. Não chorei.

 

– Galdino, Marinho, Denílson, Ledinho, Zé Maria, Conceição, Pepito, Lúcia Rocha, Graça, Simão Almeida, Márcio Toscano (o gordo bom), Pádua, Laércio, Marcos Túlio e outros e outros.  Triste sentir que a minha família cagepiana (da Cagepa), pouco a pouco está indo se reunir em outros campos, onde a dor e a tristeza nesses não fazem morada. É fácil falar.  Mas – há pouco –   senti e muito uma despedida dessa. Sinto ainda.  Sêneca tinha razão: as dores ligeiras exprimem-se; as grandes dores são mudas. Silencio.   

 

Que os meus amigos descansem em paz.

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1 Comentário

  • Reply Aldo Lopes de Araújo 4 de abril de 2021 at 15:44

    1berto
    Estou trancado no sétimo andar de um prédio aqui em Natal. Ontem eu estava a me lembrar daquela sua “uma história má, cabra” e senti saudade de você. Bons tempos aqueles, só esbornia e boemia nessa cidade fuderosa de agradável. A cidade da Paraíba, nosso berço acolhedor, o único lugar do mundo onde mora um poeta dm cada esquina, e cada paralelepípedo da rua é o travesseiro de um herói. Perdi a oportunidade de morrer de verminose, sarampo, meningite, varíola, facada tiro, aids, câncer, tomei a primeira dose contra o coroca, e agora nao morro nem de olho de machado.

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