O golpe é logo ali. Ou retomamos a razoabilidade institucional das coisas, ou as portas do inferno serão abertas. Fechá-las será bem mais traumático

 

Por: Aldo Ribeiro – Economista e Progressista

Os últimos acontecimentos não deixam dúvidas. Não existe meio termo. Bolsonaro tentará o golpe. Assim como não podemos mais fingir que seus devaneios não passam de bravatas de um lunático sem caráter e sem empatia. Enquanto nos digladiamos ou repudiamos suas falas polêmicas em redes sociais, Bolsonaro aparelha o estado pra que lá na frente, a tentativa de golpe tenha base e sustentação para seu sucesso.

Até julho do ano passado, o governo tinha mais de 6 mil militares da ativa e da reserva em cargos civis. Percebam, nem na ditadura tínhamos essa quantidade de militares lotados no Governo Federal. Bolsonaro interfere e aparelha a PF. Vejam o caso do Alexandre Ramagem. Amigo da família e totalmente alinhado com seu modus operandi. Bolsonaro é acusado de utilizar a ABIN pra auxiliar na defesa de Flávio Bolsonaro. Não é só isso. Pelo menos 15 agentes foram lotados em ministérios como Economia, Infraestrutura, Saúde e Casa Civil. Dias atrás, Bolsonaro sugeriu ter provas contra agentes do Ministério Público, num tom de ameaça, face o cerco que se fecha em torno do seu filho.

Bolsonaro tenta à todo custo, armar a população. Lembram da fatídica reunião ministerial em Abril do ano passado? Tem mais. Revogou portaria de rastreamento e identificação de armas. Me digam o que é isso senão facilitar que armas entrem mais facilmente no país, e cheguem às mãos de bandidos e milicianos? Bolsonaro tem forte ligação com as milícias cariocas. Em Rio das Pedras, berço do Escritório do Crime, seu filho eleito senador, venceu em 74 da 76 seções existentes naquele reduto. Percebem o tamanho do “rabo preso”?

Por fim, depois de incentivar aglomeração em plena pandemia, de politizar de maneira irresponsável e assassina, um vírus que já matou mais de 200 mil brasileiros, Bolsonaro fala publicamente que caso não vença as eleições em 2022, teremos um caos pior do que ocorreu nos EUA, provocado e instigado por seu ídolo e tão mau caráter quanto, Donald Trump.

O que mais falta pra que, no mínimo, a razoabilidade institucional seja retomada? O que mais falta pra que nossa imprensa, incluindo algumas figuras da nossa terra, tenha a dignidade intelectual de jogar a real do que está em curso? Uns passadores de pano de uma figura deplorável. Vocês não se envergonham? Caros, não se trata mais de uma questão ideológica. Esqueçam Lula, Dilma e PT. Trata-se de trazer o embate de volta às regras do jogo democrático. Divergir é bom. Ter o contraditório é necessário. Mas repito, dentro das regras do jogo democrático. Bolsonaro se articula criminosamente à luz do dia e vocês fingem que nada acontece. Fazem um esforço danado pra relativizar seus crimes. Programas do meio dia viraram uma piada de mau gosto.

Essa defesa canina já passou de todos os limites. O país caminha pra uma crise sem precedentes. Até julho do ano passado, mais de 716 mil empresas fecharam desde o início da pandemia. Bolsonaro desde o início politiza a pandemia de forma canalha e irresponsável. Enquanto não houver vacina e vacinados, e economia não girará. Ele conseguiu incutir na mente de uma parcela da população, que a vacina pode ser perigosa. O governo comprou milhões de comprimidos de cloroquina, apresentando-a como “remédio” contra o Covid. Boa parte da população comprou a ideia. Genocida!!

Chega! Não dá mais! Não é mais uma questão política/ideológica. É questão de saúde pública. De manutenção do mínimo de respeito ao Estado Democrático.

O impeachment precisa sair pra já! Precisamos salvar o que resta de democracia e institucionalidade neste país. Parlamentares paraibanos, mesmo os medíocres, honrem seus nomes. Caso contrário serão cúmplices e entrarão pra o esgoto da história.