Elias Pelágio do Carmo vinha atravessando o canteiro que separa o prédio da Secretaria da Educação e Cultura do estacionamento, no Centro Administrativo do Estado, bufando pelas ventas. Parecia um touro na arena, doido para meter os chifres no traseiro daquele homem enfeitado que o insulta com o pano vermelho.
E não esperou qualquer pergunta para soltar o desabafo:
-Esse … é um cabra safado. Vai terminar derrotando o governador . A gente vai buscar as coisas da gente e ele fica se escondendo.”
Claro que não perguntei qual era a coisa, pois as coisas de Elias Pelágio são sempre misteriosas.
Continuava ele no desabafo, quando chegou o cientista político Ligeirinho do Valentina, preocupado com os rumos da campanha do próximo ano. Aí Elias nem esperou apresentação. Como bom e teimoso jornalista, disse de pronto:
-Não vou votar em nenhum dos três (?). E sei que nem ele nem o outro vão ganhar. Quem vai ganhar é Bolsonaro.
Danou-se! E eu pensando que Bolsonaro não tinha transferido o domicílio eleitoral para a Paraíba.
Mas Elias é assim mesmo. Bombástico.
Dia desses, em plena três da tarde, se encontrava na cabine de imprensa da Assembléia, ao lado de João Costa e Cristiano Machado, lendo a revista de Raposo voltado para o plenário vazio e escuro. De repente, fixou a vista num ponto diante do nariz, ao tempo em que exclamou, com voz de trovão:
-Vocês querem ver como amanhã essa Assembléia é notícia até no New York Times? Basta somente nós estourar uma bomba nesse plenário”.
Os seus rompantes de raiva não são de hoje. No mês de Senhora Santana, enquanto via Josinato Gomes exercitar seu português virtuoso para uma platéia abestalhada formada por Jackson Bandeira,Antonio Malvino e Toinho Vicente, ele, sem mais nem menos, começou a esculhambar com tudo quanto era de bancário.
-Por que bancário, meu jovem? -, argüiu o itaporanguense Josinato.
-Ora porque – fumaçou Elias – porque esse povo ganha dinheiro e a gente não.
Elias é conhecido como o mais ágil datilógrafo da imprensa paraibana,isso no tempo da velha máquina. Era tão ligeiro que nos seus textos não existiam parágrafo, ponto, vírgula ou sinal. Tudo porque não dava tempo a colocação no papel desses dispensáveis objetos da gramática, tão grande era a sua rapidez.
O Tribunal de Justiça comprou um caminhão todo equipado para circular em João Pessoa, fazendo a justiça itinerante, e Elias, ao avistar o veículo estacionado diante da Secom, em Jaguaribe,foi até lá e pediu á Eloise Elaine, assessora de imprensa, para redigir uma matéria no computador. Eloise deixou e , mais tarde, ao ler o texto, verificou que Elias havia entrevistado o motorista sobre as vantagens da tal Justiça Itinerante, enfocando principalmente o conforto do caminhão e que marcha o motorista utilizava quando o bicho atolava num local arenoso.
Mas, por conta dessas raivas e desilusões, Elias confessou a Janduy Mendonça que vai embora.
-Tô indo pra Tocantins. Aqui não dá pra mim, pois tô perdendo tempo -, desabafou, assoprando.
-Vais quando? -, quis saber Janduy, já pensando em ficar com a vaga dele na Secom.
Fazendo pose de internacional, Elias coçou o queixo, alisou o bucho, deu aquele arroto característico e respondeu, esclarecedor:
-Quando fizer um curso de computador
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