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O humor ministerial

1 de setembro de 2019

Marcos Pires

Ministro Teori Zavascki me contou que quanto mais avançamos na idade e encontramos antigos colegas, sempre notamos como eles envelheceram, mas pensamos que o mesmo não se deu conosco. Dizia Sua Excelência que uma amiga mudou de cidade e precisou fazer um tratamento dentário. Ao chegar no consultório do novo dentista, enquanto esperava a vez de ser atendida, notou que no diploma pendurado na parede o nome do profissional era muito parecido com o de um antigo colega do curso secundário. Era um rapaz alto, olhos azuis, forte, muito bonito, por quem ela nutrira uma paixão inconfessada.

Quando a porta do consultório se abriu e ela foi chamada para a consulta, o dentista era careca, barrigudo e muito velho.

Enquanto ele escarafunchava sua boca, ela pensou que podia tratar-se de um parente do antigo amigo; quem sabe um tio? Terminada a consulta ela perguntou ao dentista se algum parente dele havia estudado na escola tal em tal período. Para sua surpresa ELE havia estudado lá, inclusive identificou a turma e alguns nomes de colegas. Encabulada porque não o identificara em consequência do envelhecimento, ela timidamente disse que também havia frequentado aquela escola na mesma época. Ele espantou-se: “- Sério? E a senhora era professora de qual matéria?”

Já o Ministro J. D., um dos melhores amigos que alguém pode ter, sempre gostou de fazer palestras. Dono de uma cultura invejável e senhor da oratória, encantava todas as plateias. Para isso usava exemplos simples e de grande impacto.

Um dia, precisou demonstrar a necessidade de assistência às crianças do mundo. O dado que ele dispunha era o de que a cada 2 segundos morria uma criança vitima da fome. Para ilustrar o exemplo, retirou o relógio de pulso, colocou-o em cima do púlpito e disse: “- Para que vocês tenham uma ideia do tamanho dessa tragédia, a cada vez que eu bater palmas uma criança morrerá.” Ato continuo, no enorme silencio que se fez no ambiente, ele batia palmas e dizia: “- Morreu mais uma criança…morreu mais uma criança…”. Até que se ouviu um suspiro alto e uma voz cheia de sotaque exclamar: “- Ô Sua Excelência, pare de bater palmas pelo amor de Deus. Deixa os meninos em paz”.

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1 Comentário

  • Reply Paulo Josafá de Araujo 1 de setembro de 2019 at 09:57

    Meus amigos Tião Lucena e Marcos Pires!
    Como diz a Antropóloga e Socióloga Mirian Goldenberg:”O Velho é sempre o outro e não eu”.
    Lembranças ao Ministro Teori.
    Ps:Agora digo eu:”Todo mundo quer rotular outro…Nunca eu sempre o outro(PJ)”

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