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O jejum

28 de março de 2024

Na Semana Santa se relembra o sofrimento de Jesus Cristo, que foi morto pelos romanos, acoloiados com os Judeus, porque defendia os pobres. Se Jesus tivesse optado pelos ricos, como fizeram os bispos, padres e papas que o sucederam, teria morrido velhinho e hoje não estariamos aqui falando da sua morte enquanto enchemos o bucho de vinho, peixe no coco e brêdo.O interessante é que nos solidarizamos com Cristo bebendo e comendo. Nem jejum tem mais. Aliás, nunca teve. Quando eu era menino em Princesa Isabel estava cansado de ver pessoas que nunca pediram esmolas, saírem de porta em porta pedindo um “jejunzinho”. E ninguém achava nada demais.

Alguém achava, digo melhor. Vendo aquele monte de meninos e mulheres pedindo jejum nas portas, eu também resolvi engrossar fileiras e partir pelas ruas da cidade implorando o jejum de Jesus. Na quarta casa dei de cara com papai, o velho Miguel Lucena, que me engrossou o lombo com boas lapadas de cinturão. Ainda hoje me lembro, para jamais cair de novo na tentação de pedir jejum como esmola.

Mas eu falava da comida e do brêdo. Não sei se o considerado e a considerada aí do Sul conhece o mato. É mato mesmo, nascido e criado nos monturos e quintais das casas. Passa o ano inteiro esquecido, mas quando chega a Semana Santa todo mundo aqui do Nordeste lembra dele. Você coloca as folhas para cozinhar com leite de coco e depois serve junto com o peixe. Tem gente que esquece o pescado para se concentrar somente nele. Come que fica lerdo.

Esta noite tive um sonho meio estranho. Sonhei que comprei uma cioba de quatro quilos e já estava levando a vermelhona para dona Cacilda preparar quando ela abriu os olhos e falou que era um rapaz alegre, natural do Recife, que resolveu fazer a travessia do atlântico com outro amiguinho, mas caiu na rede de alguns pescadores de Tambaba, acabando ali nas minhas mãos pronto a virar pirão de peixe. Salvou-se disso por conta do susto que me deu. Joguei o danado de volta ao mar e juro que o vi sair  em direção ao Recife, dando tchauzinho pra mim lá de longe. São coisas da Semana Santa.

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2 Comentários

  • Reply Edmundo dos Santos Costa 29 de março de 2024 at 09:06

    QUEM MATOU JESUS FORAM OS ISRAELENSES, DITOS JUDEUS, O ROMANO APENAS LAVOU AS MÃOS. ALIÁS ELES MATARAM TODOS OS PROFETAS. NÃO HÁ EXCEÇÃO.

  • Reply João Kened 29 de março de 2024 at 10:08

    Quem deu sessão a Ele com a Igreja por Ele fundada foram os seus apostolos, não o clero católico romano: isso aí aconteceu depois pelos motivos que a história ralata, e mais mais tarde provocando a união estado político/religião católica. Na contemporaneidade, estamos vendo a política ser inundada pela religião só que por outros motivos, sem se esquecer do crime rganjzadoorganizado.

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