O meu amigo Ricardo Anísio

 

1berto de Almeida 

hoje lembrei o meu velho e bom parceiro de papo e escritas Ricardo Anísio. ele mora ainda por aqui, e eu sei onde ele mora. mas, infelizmente, por aqui, parece que Ricardo não vive mais.

lembrei a festa naquele dia em que nos conhecemos, tomando umas e outras na sempre inesquecível Flor da Paraíba, aquele barzinho gostoso, uma mistura de “bar x churrascaria”, que ficava quase dentro ds nossa Lagoa dos Irêres.

Ricardo era – espero que volte a ser um dia e voltará – um dos nossos jornalistas que a “moçada musical” sempre procurava, “bancava” bons textos sobre músicas e compositores

lembro-me bem. Carlos Aranha, Cátia de França, Ricardo Anísio e este MP. mais uns dois ou três que não tiravam da cabeça a agulha do vinil da memória.

hoje, Ricardo está por muitos esquecidos. não se fala nele. não se faz a ele uma visita. Ricardo não promove mais nenhum “artista”. sem espaço e no espaço vivendo, a música que Ricardo ouve não toca em nossos ouvidos.

lembro-me bem o dia em que por ele fui convidado para escrever uma “biografia autorizada” do Geraldo Vandré. ele está disposto a nos contar o que para ninguém contou, me disse. Mas o que o Geraldo iria dizer sobre o Vandré que ninguém ainda não sabe? também não sei. recusei. tinha outros projetos.

vamos escrever a “quatro mãos” a biografia de Vandré? lembro que ainda brinquei – esse meu bom humor é coisa séria – respondendo-lhe que “não era emboá para escrever com tantas mãos e pés”. por aí. ele obtemperou, dizendo-me que “estava falando sério”. eu? que mais sério estava respondendo.

sempre nos demos muito bem. agora, Ricardo, como me contaram, mesmo morando ainda por aqui, não está mais por aqui vivendo. triste. ninguém visita Ricardo Anísio.

uns até poderão dizer que esse “não é o momento”. então, perguntaria a esses qual “seria o momento certo”? aquele em que Ricardo dessa visita não mais precisará? no dia em que recolher a agulha do disco da vida?

irei fazer uma visita ao amigo de papos e escritas. mas não me peçam para lhe dizer que os “amigos” que acham não ser esse o momento para visita mandam lembranças. não direi. Ricardo não precisa dessas. a sua lembrança deve e tem de ser um fato real. e esse fato é a presença dos amigos. os verdadeiros.