opinião

O meu quiosque

11 de setembro de 2022

Marcos Pires

     Quem passa pela beira mar da praia do Cabo Branco observa em frete ao número 1600 um quiosque abandonado que enfeia a praia como um dente careado naquele sorriso da paisagem.

    Como todo mundo está careca de saber, sempre me meti na administração daquele pedaço de paraíso. Muitos anos atrás, eu, Agnaldo Almeida e Lena Guimarães peitamos a turma do contra e conseguimos a interdição do trânsito à beira mar das 5 às 8 da matina, o que se provou acertado. Recentemente conseguimos que a SEMOB competentemente reservasse naquele horário uma das pistas para ciclistas e a outra para caminhantes e corredores.

     Já que nunca fui nem serei político acredito que isso me credencia a fazer essas reinvindicações.

    Então apareceu aquele quiosque abandonado que enfeia a praia. Fui ao prefeito Cicero e disse a ele que se ninguém quisesse assumir o empreendimento eu estaria disposto a sair do meu dolce far niente e transformar aquele estrupício no mais balado quiosque do Brasil. Pretendia colocar ali umas mesas especificas para pessoas bacanas, com jogos de gamão e dominó, porrinha e até um campeonato anual de baladeiras. Contrataria mentirosos para contarem estórias aos frequentadores porque o mentiroso sempre vai ter um assunto palpitante a empinar. Seria o único bar do Brasil a aceitar vales, se bem que na modalidade invertida, mas isso é o segredo do meu negócio. Como vi que nem assim o prefeito aceitava minha proposta, apelei: “- Prefeito, você sabe como será o nome do quiosque? Será Padim Ciço”. Porém o coração do alcaide não se comoveu. Apesar disso continuamos a ter uma excelente amizade.

   Estava eu nesse banzo infindo quando Mãe Leca, sempre ela, interrompeu meu enorme sofrer. “- Lindinho, deixa de besteira. Você conseguiu o que pouquíssimas pessoas já conseguiram. Você é o rei do nadismo. Não faz absolutamente nada, refinou tanto essa anti atividade que me diz ser muito melhor não fazer nada durante a semana do que nos fins de semana. E vai querer voltar a trabalhar?”.

    Mal sabe Mãe Leca que nos meus planos para o quiosque jamais esteve em cogitação essa ignominia de laborar. Minha ideia era coloca-la para tomar conta do empreendimento. Afinal, ela foi diretora do Juliano Moreira muitos anos, atualmente coordena o PASM (uma espécie de Juliano municipal) e ainda me aguenta. Pode haver qualificação maior para administrar bêbados?

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