opinião

O Mundo de Zé Lins

14 de janeiro de 2021

*Frutuoso Chaves

Engenho Corredor, em Pilar, Paraíba, berço do romancista José Lins do Rego e um dos marcos da história do Nordeste açucareiro. “Engenho Santa Rosa”, na ficção vigorosa de José Lins aclamada em recantos diferentes do mundo aonde chegou, em mais de dez idiomas, a parcela mais vasta dos seus romances, aquela inscrita no Ciclo da Cana de Açúcar.

Ao fundo, resquícios da antiga moita de engenho. O bueiro legendário não mais existe. Foi levado na cheia de 1985 pelo Rio Paraíba que, agora, magro como boi em pasto seco, desliza para o mar com enganosa mansidão.

A antiga importância do açúcar na pauta das exportações nacionais fez Dom Pedro II desembarcar em Pilar, à véspera do Natal de 1859. O enredo saboroso de José Lins acerca dessa visita mistura, bem a seu estilo, ficção e realidade.

Restaurado a capricho sob domínio cuidadoso dos atuais proprietários – o casal Joaquim e Alba Soares – o Engenho Corredor se oferece a visitas, desde que antecipadamente agendadas.

Impossível para os que vão ao local atraídos pelo escritor e sua obra não ter em mente figuras icônicas da literatura nacional como Mestre Amaro, Vitorino Papa-Rabo, Lula de Holanda, Carlinhos (o menino que José Lins foi) ou Coronel José Paulino, este último a representar a figura do avô, ora doce ora dura.

Estar no Corredor é situar-se no palco das transformações cultural e econômica da zona canavieira, no início do século passado. É recordar a morte dos banguês e sua substituição pelas usinas de açúcar. É lembrar o fim do prestígio e opulência dos velhos senhores de engenhos cujos dramas e tragédias foram tão bem retratados por quem ali nasceu, em 1901.

*Jornalista profissional com passagens pelos jornais paraibanos A União (Redator e Chefe de Reportagem), Correio (Redator e Editor de Economia), Jornal da Paraíba (Editorialista), O Norte (Editor Geral), O Globo do Rio de Janeiro e Jornal do Commercio do Recife (correspondente na Paraíba, em ambos os casos). Também pelas Revistas A Carta (editada em João Pessoa) e Algomais (no Recife).

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2 Comentários

  • Reply JOAQUIM E ALBA 14 de janeiro de 2021 at 12:33

    TIÃO, LEITOR COSTUMEIRO DE SEU ESPAÇO DE LETRAS, AS VEZES COM HUMOR INIGUALÁVEL MAS VERDADEIRO. AGRADECEMOS SEU OLHAR PELO MUNDO DE ZÉ LINS A SEU DISPOR MUITO OBRIGADO ALBA E JOAQUIM SOARES

  • Reply Ramalho 15 de janeiro de 2021 at 08:16

    Frutuoso, como sempre, nos deliciando com seus textos. Vou agendar para depois da pandemia uma visita de confrades do IHGP ao Mundo de Zé Lins.

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